Eu nunca fui de ficar muito próxima de meus professores, as relações professor-aluno sempre foram baseada em respeito, e em alguns casos admiração. O primeiro sentimento porque tive uma educação tradicional e o segundo porque sempre há alguns mestres que vão além do ato de ensinar, que fazem diferença em nossas vidas, em muitos casos sem se darem conta disso. Nesse caso foi assim. Por causa de minha timidez talvez ele nunca soube, que foi um desses que me fez mudar, perceber coisas que eu nunca havia imaginado, pensar diferente sobre o mundo. Não apenas pelo conhecimento da sua matéria, mas pela forma como se apresentou à turma, seus pensamentos e atitudes, sua maneira de viver, por que eu o via como alguém que vivia o que acreditava, alguém com ideais e com atitude e isso é raro.
Fiquei pensando, nessas coisas que não conseguimos acreditar, nessas pessoas que achamos que não vão embora. Apesar de não ser próxima eu fiquei bastante sensibilizada; sei que acontecem coisas tão tristes e indignantes, coisas piores. Mas cada um de nós é quem dá essa medida pra tudo que acontece à nossa volta, a partir de tudo aquilo que nos constitui, e como em mim há algo daquele mestre, uma admiração pela vida, uma alegria de viver e um jeito diferente de perceber o mundo que ele com certeza deixou em todos nós alunos seus, naqueles dias.
Um dia escreveu no quadro:
Como sei pouco, e sou pouco,faço o pouco que me cabe me dando inteiro.
Anotei e mais tarde descobri que era de Thiago de Mello:
Para os que virão
Como sei pouco, e sou pouco, faço o pouco que me cabe me dando inteiro. Sabendo que não vou ver o homem que quero ser.
Já sofri o suficiente para não enganar a ninguém: principalmente aos que sofrem na própria vida, a garra da opressão, e nem sabem.
Não tenho o sol escondido no meu bolso de palavras. Sou simplesmente um homem para quem já a primeira e desolada pessoado singular - foi deixando, devagar, sofridamente de ser, para transformar-se - muito mais sofridamente - na primeira e profunda pessoa do plural.
Não importa que doa: é tempo de avançar de mão dada com quem vai no mesmo rumo, mesmo que longe ainda esteja de aprender a conjugar o verbo amar.
É tempo sobretudo de deixar de ser apenas a solitária vanguarda de nós mesmos. Se trata de ir ao encontro. ( Dura no peito, arde a límpida verdade dos nossos erros. ) Se trata de abrir o rumo.
Os que virão, serão povo, e saber serão, lutando
Thiago de Mello
Se eu só mostrasse esse poema, que certamente era um de seus preferidos, quem lêsse, já teria uma idéia do grande homem que foi meu professor.
Um comentário:
você, seu professor e Thiago de Mello são as palavras que meus olhos gostam de ver e tem o significado que minha mente gosta de entender.
ah, e é claro, que o coração gosta de sentir! um texto com mistos de tristeza e motivação. mas é quase sempre assim. as situações difíceis revelam a nossa significância diante de tudo.
bjobjo!
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