é aqui, é agora, que digo; para ti; um interlocutor invisível (e por vezes mudo) que pode ser todos ou só eu mesma. Falar pra si, falar de si. Tudo nessa intensidade interior, subjetiva, que me sujeita, que me delata, que me ajeita. Nesse relato unilateral e egoísta de quem não enxerga nada além, só escuta; e rejeita, no fundo, esse mundo tão restrito aos próprios sentidos. Imensa vontade de dispersar no espaço; vasto, impessoal e povoado pelo universo alheio. Faltam-me asas, pés, caminhos, bússolas; falta um prumo. Cabe-me então, habitar os percursos conhecidos, que o corpo acha o rumo até sem ver, que tateia, que busca caber. Ah, o aconchego do que me pertence, do que me convence, do que me conhece. Esse doce refúgio de uma segurança ilusória e frágil.
Não sei até quando vou me guardar e aguardar vindas, ou voltas (inconscientemente, espero). Mas também acredito que um dia, quem sabe no segundo seguinte a esse texto, eu extrapole, eu escapula. Quem sabe?!