sábado, 19 de dezembro de 2009

triz

TUDO QUE SOMOS

Tudo que somos,
pouco sabemos.

Um poço imenso,
cheio de sonhos.

Quando choramos,
não nos perdemos.

Viver é um sonho,
Não esqueçamos.

Viver é a sombra,
o assombro, o apenas.

/ Tão frágeis somos!
Frágeis e imensos.
Antonio Brasileiro
Eu confesso antes de mais nada, que este post é só um pretexto pra publicar mais um poema de Antonio Brasileiro aqui, tudo bem que o blog até onde consta é meu e podia fazer se o quisesse sem justificativas, mas essa é outra mania, além dessa que estão vendo, a de ser compulsiva. Se algo me agrada, eu não me contenho com pouco, se é uma caixa de bombons, como até o último antes do tempo razoável, se é um blog novo, leio do primeiro post até o último, se é uma banda, quero conhecer todas as músicas em um dia e por aí vai, os mais absurdos exemplos (não pensem besteiras demais). Realmente é difícil hoje em dia ser equilibrado, moderado, ter bom senso e coisas assim. Tudo é muito, tudo é atraente aos sentidos, tudo nos conquista sem medidas, e olha que sou conhecida pela minha tranquilidade, calma aparente pelo jeito. No fundo a ansiedade me consome, e quero esgotar até o último assunto, quero ver até o fundo do olho, quero gastar até a última gota de afeto, quero sentir até o fim dos carinhos possíveis, quero amar até o infinito, porque amor que é amor, pra mim não tem fim. Eu me deprimo com o fim dos romances meteóricos das celebridades ou dos vizinhos da minha prima, pois é; talvez ninguém soubesse disso até agora, mas eu admito, eu sou demasiadamente incontrolável até voltar a mim.

bis

A ESPUMA DAS COISAS

A grande ilusão do insustentável.
O lama e os não-desejos.
A imensidão de um cosmos de brinquedo.
O estrelejar do hoje versus
o princípio. Ou o
precipício.

Sossega, peito meu, és só a espuma
das coisas vãs gozadas uma a uma.
Antonio Brasileiro

quinta-feira, 17 de dezembro de 2009

NUANÇA

Meus caminhos, meus mapas,
meus caminhos.

Tudo está em ordem
em minha vida.

Como se faltasse
alguma coisa.

(Que achado, santo google rs. Da citação do post anterior veio a vontade de conhecer quem era o autor da frase, e que boa surpresa, confira! Pelo nome já era de se imaginar...)

quarta-feira, 16 de dezembro de 2009

Continuação
"Lembro-me antigamente do futuro." Dante Milano

Aniversário. Idade. Tempo. Inevitáveis reflexões. As últimas registradas foram há uns cinco ou quatro anos atrás, numa das antigas agendas porta-tudo. E hoje e aqui de novo fazendo algumas das mesmas perguntas, ou mesmo tentando formular as questões corretas. Acho que a minha frase de apresentação do perfil pra este espaço, colocada aqui como algo temporário para ser substituído por algo mais consistente ainda esta valendo, o que permanece é a inconstância, o movimento, as incertezas, os desafios. E mesmo que aqueles mesmos princípios essenciais que me constituem nunca desapareçam por completo, as experiências e o conhecimento das coisas e dos fatos vão lapidando ou dilapidando, quem sabe, alguns deles. E ainda permaneço a mesma embora mude constantemente. Ainda vejo uma menina que se assombra com este mundo incompreensível, e ora ou outra eu sou aquela mulher que eu via no meu futuro, mas diferente do que eu pensei que seria, que faria. Ainda assim não me desconheço, eu sou íntima de mim, me reconheço em cada gesto, pensamento, atitude. Admito que eu preciso deixar de olhar a vida, apenas daqui da minha janela, que talvez eu precise fazer algo que nunca pensei em fazer, conhecer os quatro cantos do mundo, morar em outro lugar ou apenas plantar árvores, escrever livro, ter filhos e tudo aquilo que se espera de alguém como eu. Quem sabe assim, finalmente mude, cresça me despeça um pouco de mim, seja outra, me estranhe. Quem sabe isso seja necessário? Quem sabe falte mais coragem? Eu não. Sei. Eu busco saber, fazer, ser quem sou. As questões importantes eu vou formulando, respondendo enquanto existo, eu só sei escrever minha vida assim...

PS: E quem também além de Dante Milano já falou tudo sobre essa impermanência toda foi Antonio Brasileiro ao dizer:
"«Nenhum lugar é onde estamos./ A vida é para passar.»

quarta-feira, 9 de dezembro de 2009

bendizer

A vez

Era pra ontem
Ficou pra hoje
Deixa pra amanhã
Nunca será.

Eu sou superticiosa, pelo visto. Tava guardando esse poeminha do Leandro pra quando estivesse consciente dessa finitude de ciclo ou dessa impossibilidade concreta. Mas hoje vou fazer o contrário vou dizer os versos como uma oração, uma reza, como os dizeres das benzedeiras ao expulsarem minhas febres infantis, lá no interior onde eu cresci, onde ainda se cura pela fé. Minha mãe me mandava ir a casa da benzedeira sozinha, porque não "se davam", ou seja, era quase uma inimizade; mas pelo jeito ela acreditava nela porque me enviava a casa da boa senhora; e lá ela arrancava algumas plantinhas, umas cheirosas, escolhidas; não podiam ser qualquer uma não e enquanto dava umas varridinhas na minha cabeça com o ramo de plantas dizia ao me benzer* algo como: ..."levai essa febre pra águas do mar sagrado..." eu só arregalava bem os olhos para aquele mistério que eu não comprendia, cheia de respeito e admiração e depois corria pra casa, certa de que logo, logo estaria saudável novamente. Acho que eu guardei esse trecho da reza porque já me atraia a beleza das palavras, da língua; e estes dizeres não lembram uns versos de algum poema por aí?
Mas é isso, quero falar de uma coisa, e acabo escrevendo sobre outra. O que penso que há de comum entre a intenção e o feito, é essa vontade de que passe o que deve passar, que acabe o que tem de acabar. E que tudo de mal, triste, tudo que pese, que me leve um pouco da vivacidade "vá para as águas do mar sagrado." e não retorne, eu quero conhecer outros mares, mergulhar noutras águas, mesmo finitas, mesmo rasas, mas que me tragam toda alegria e bem -estar que eu preciso.
*ben.zer: deitar a benção a; tornar bendito; abençoar. (Que palavra linda hein?)

terça-feira, 8 de dezembro de 2009

abobrinhaz

Os melhores e os piores momentos da semana, como se eu lembrasse ao menos o que jantei segunda, fato; não lembro, mas eu lembro que adorei Julie & Julia, lindo e todos os outros adjetivos, mais que recomendo. Não sei se foi essa semana que assisti ao filme, creio que tenha sido no domingo, e este é o primeiro dia da semana certo?
Os dias voam como sempre depois de junho e me levam sem me dar conta das coisas, então a memória falha mesmo, como diz Clarice Lispector num de seus twitter’s: “ O cotidiano é que me mata. Eu só queria exceções”. Então no frigir dos ovos, a semana foi boa, tudo relativamente tranquilo e normal, com excesso de chuva e frio. E hoje jantando em frente à TV, esse maravilhoso hábito moderno, não pude me conter ao ver novela, a Aline Morais ta maltratando a gente. Chega a ser deprimente, eu comendo miojo assistindo novela e ainda com lágrimas nos olhos que não eram da cebola, nem queiram imaginar a cena; mas é bom mesmo não dá muita bola pros nossos próprios dramas, afinal o que seriam dos folhetins globais sem nós?
Por que se emocionar com as tragédias da vida real se nós temos a TV, né? Como justificativa e álibi para essa nossa insensibilidade/sensibilidade invertida eu invoco outro grande bastante twittado, se é que existe a palavra. Guimarães Rosa: “A vida é muito discordada. Tem partes. Tem artes. Tem as neblinas de Siruiz”.
Tudo bem, mesmo que não tenha justificado nada, eu queria colocar essa frase perfeita aqui, e terminar essas linhas com algo que valha a pena, afinal já chega de abobrinha.

domingo, 6 de dezembro de 2009

eu não resisto

Instabilidade

Súbito em pleno vôo
saco a caneta escrita fina
e como se fosse estilete
faço inventário das palavras.
Eu não leio livros pelas histórias.
Garimpo frases pepitas
perdidas, vagalumes, as tais
agulhas em palheiros.
Penso muito mais veloz
do que escrevo,
correnteza de rio sem margens,
o presente nunca nos basta.
Há uma imperiosa necessidade,
compulsiva, de não perder.
De não te perder.
Mas já foi.

sexta-feira, 4 de dezembro de 2009

terça-feira, 1 de dezembro de 2009

a chuva


Sabe aquela chuvinha a noite, sem raios e trovões, aquela chuva fina mas constante, que traz aquele friozinho agradável, e mesmo assim você está em casa, com cobertores à mão, se sente seguro e aquecido? E Sabe que todos os seus, as pessoas que ama, também estão bem*, e você olha pela janela, as casas ao longe iluminadas os faróis trêmulos de alguns carros, e aparentemente tudo está bem sob aquela chuva, nada de mal acontece nessa hora, você se sente bem, nada lhe falta; uma sensação egoísta, mas compreensível?
Já falei aqui de como me encanta esse mistério sagrado que é a chuva, a maneira da Natureza nos mostrar nossa pequenez e importância, debaixo da chuva nada é mais importante que estar abrigado e protegido, mesmo que um banho seja algo agradável e comumente fazer parte das melhores lembranças infantis, não se pode viver embaixo de água, nós precisamos de sol e calor também. Nada nos iguala mais que a chuva. Nessas horas, nos foge a ansiedade cotidiana, essa sensação de incompletude, de que temos de ter, temos de ser mais.
O ontem e o amanhã se fundem apenas no agora, você plenamente vive, sua consciência do mundo se conforma ao espaço tempo em que você se encontra, e as preocupações se dissipam momentaneamente, que seja. Vestimos-nos da nossa fragilidade e limitação e isso nos basta, diante da grandeza da vida. Apesar dessa compreensão nos sentimos mais plenos que todas as horas, nos invade um imenso senso de gratidão, e queremos dizer: Obrigada Deus, vivo.
Você não sabe? Precisa saber.
*Senhor, que todos realmente estejam, e não só os meus. Amém.

olá

Porque não gosto de ficar muito tempo sem dar sinais e pistas de como tudo se passa ou passou, deixo aqui mais um de Alice Ruiz, acho que sou obssessiva, tenho selecionados muitos mais dela, Leandro Wirz entre outros pra ir postando aqui entre uma e outra versão própria, porque só a gente não se basta, né mesmo?

Expectativas

tudo começa
do mesmo jeito
diferente


o que se quebra
pesa mais
do que o sonho leva

como se o dia
não passasse
dessa noite


Alice Ruiz
PS: nada a ver com a poesia perfeita de Alice, mas no planalto central o momento também é de expectativas e revolta, como vocês devem estar acompanhando, o governador (vergonhosamente ainda deve ser chamado assim) abriu a caixa de pandora, literalmente.