domingo, 27 de setembro de 2009

tomara

Amanhã

minuto a minuto
quis um dia
todo azul
no teu dia

meu querer
quero crer
azulou
teu dia a dia
tudo que podia

quinta-feira, 24 de setembro de 2009

Carpe diem

é que eu queria falar de uma sensação boa que sinto vez em quando, chegando em casa, perto da minha rua, que é meio ladeira, o sol ta assim mais amarelo, o céu bem azul, às vezes nuvens; ainda mais estes dias que tem chovido, aquele ar mais puro, parece até que a gente é só feliz. Sabe quando tudo parece estar bem, e só temos vontade de agradecer pela vida? Muito clichê, mas fazer o quê?
Então, essa música traz essa sensação boa, ouve aí e tenta...se não conseguir, a música vale por si só.

terça-feira, 22 de setembro de 2009

retrato falho

Quem escreve se descreve.
Esse registro que faço
do meu olhar
pode dar um retrato
bem pintado
mas também,
um retrato falado.

Não é por nada não,
mas chegar ao fundo
do ser de alguém;
que graça tem?

O que me alivia
é saber:
nem sempre quem lê
interpreta,
e posso continuar,
ao menos um pouco,
secreta.

terça-feira, 15 de setembro de 2009

filosofia barata

Adverso

Se não me engano, o Thiago escreveu em algum lugar e eu li: ”o antônimo também faz parte do significado de uma palavra.” Sim, o oposto de algo, o contrário também é este algo. Não deve ser à toa que teorias sobre a dualidade dos seres e das coisas abundam desde sempre. Mas é quando essa separação ocorre dentro de mim, que faz mais sentido, que me ocupa o pensamento. É quando faço algo que não quero, ou o contrário, deixo de fazer algo que desejo; que meu ser parece está em partes, em lados opostos no mesmo campo de batalha. É muito difícil a serenidade, pra entender que o que me parece diverso também sou eu. Que a incoerência me compõe também. Tomar partido de mim mesmo, sabendo que tenho que discordar por outro lado, também de mim. Tudo muito paradoxal e complexo. E ao mesmo tempo tão incompreensível quanto simples. Penso que me conheço a vida toda, e de repente me estranho. Deve ser porque vivo sempre na superfície da vida e quando vez em quando sou obrigado a olhar o fundo e a imensidão sob mim, me assusto um pouco. E me olho como se nunca tivesse me visto. E fico em dúvida pra responder a pergunta que me faço: Quem és tu e o que desejas?
PS: achei, onde li o comentário do Thiago

segunda-feira, 14 de setembro de 2009

Ninguém sonha duas vezes o mesmo sonho
Ninguém se banha duas vezes no mesmo rio
Nem ama duas vezes a mesma mulher.
Deus de onde tudo deriva
É a circulação e o movimento infinito.

Ainda não estamos habituados com o mundo
Nascer é muito comprido.

Murilo Mendes
Poeta mineiro de Juiz de Fora, nasceu em 1901 e faleceu em Lisboa em 1975.

copiado integralmente daqui.

quarta-feira, 9 de setembro de 2009

círculo

09/09/09

Acorda, corre e vai e trabalha, ouve, ouve, e conversa, e trabalha e cansa. Escurece e volta. Embora de vez em quando caia uma chuva pra refrescar a mente, e mostrar que nada é tão importante quanto parece, e que só importa achar um abrigo pra não se molhar, ou aproveitar a chuva se for favorável; a maioria dos dias é vivida automaticamente, ouve e não escuta, olha e não vê, toca e não sente. E chega a casa, lava louça, limpa casa, faz comida, janta dia sim outros não. Deita e dorme e acorda como se fosse ontem e tudo se repete como se fosse fácil, mas às vezes pensa como se fosse possível e sonha como se fosse verdade.

terça-feira, 8 de setembro de 2009

retrato recortado

O olhar
E olhava tudo com admiração e espanto, o menor gesto, a palavra mais insignificante para si eram imprescindíveis, imensidões. As coisas, as pessoas eram tanto mistério que buscava compreender muitas vezes simplificando, subestimando, pra em seguida se maravilhar ou assustar, conforme os acontecimentos. E era assim que enxergava o mundo através dos seus olhos bonitos, profundos e meio estrábicos como lhe disseram certa vez e acreditou, mesmo sem saber o significado da palavra.

quarta-feira, 2 de setembro de 2009

derramar

Ela: você me viu com meu novo namorado?
Ele: Não, não pude guardar na memória a imagem dos dois naquele dia.
Ela: Por que?
Ele: Quando os vi, me transformei em estátua de gelo, imediatamente uma tempestade de água caiu sobre mim, desmanchei, derramei, d-existir.

PS:inicialmente pensei no micro diálogo com Ele de namorada nova, mas desconfiei que na maioria das tragédias romantico-poéticas a personagem que sofre é feminina, então inverti as falas. rs

terça-feira, 1 de setembro de 2009

tulipas e pipocas

estende o braço e verás que ao longe
o fogo se equilibra entre duas montanhas
a tua volta, as aves cantam

acordei e dei-me conta que voltei
a fazer coisas com significado
e voltei a perder-me
/ de mim

precisamente o que não tem significado
é o que tem sentido