sexta-feira, 30 de setembro de 2011

para ouvir ou dançar

Por enquanto, ouvindo 21 de Adele. Gosto dessa melancolia mansa, que escorre pela melodia num tom solitário da consciência de que estamos sós com nossos sentimentos e não cabe imposição, devemos viver as escolhas.
Gosto do lirismo suave com que cada nota denota uma tristeza que se encerra no momento em que é dito um verso da música, inspirando a vida a fluir para momentos alegres e a nos entregarmos a essa ciranda de ritmos variados; onde ora dançamos, ora choramos. Gosto do modo como somos afetados pelas emoções de um artista, de um músico ou de um poeta, nas quais reconhecemos a nossa própria vibração, os sons que produzimos com o coração e com a mente, quando ao invés de os fazermos ecoarem mundo a fora, guardamos dentro do silêncio e os encontramos na voz alheia. Que bonito tocar ou ser tocado pela arte, delicadamente.

sexta-feira, 23 de setembro de 2011

à vida, ávida

eu amo a vida, eis a minha verdadeira fraqueza. Amo-a tanto, que não tenho nenhuma imaginação para o que não for vida. Tal avidez tem algo de plebeu, não acha? A aristocracia não se concebe sem um pouco de distância em relação a si mesma e à própria vida. Morre-se se for preciso, antes quebrar que dobrar. Mas, eu, eu me dobro, porque continuo a me amar.

Albert Camus, daqui

terça-feira, 20 de setembro de 2011

Quando a dor pode ser bonita também; pela música, pela arte.
É assim:
Adele - Someone Like You

segunda-feira, 12 de setembro de 2011

Crônica de setembro em Brasília
Eram 13 h 40 e eu esperava embaixo de uma barraca de lanchonete de rua, a imobiliária abrir na volta do horário do almoço. O céu cinza e empoeirado, no auge desse período seco, tornava difícil respirar, devia fazer uns 32 graus, não sei, na periferia não se veem aqueles postes eletrônicos que indicam temperatura, hora e data, só na capital, assim como outros serviços.
Pois bem, o calor estava mesmo insuportável e eu olhava os carros passando e poluindo o ar; o sol quase derretendo os prédios e asfalto; tive a impressão de que eu não sou tão urbana quanto penso e desejei viver um dia numa casinha no meio do mato, rodeada de árvores, perto de um laguinho, pensei no lugar que nasci. Lagoinha. Hum a minha rede na varanda e as palmeiras no horizonte, verdinhas, aquele vento...
Já estava quase sonhando, um casal atravessa a faixa de pedestres de mãos dadas, sol a pino, ainda; e era como se estivessem atravessando um caminho de relva em plenas oito horas da manhã. Tão frescos, reluziam a uma felicidade apaixonada sabe? Aquela de quando só se enxerga a si e aquele a quem se ama; tudo vibra, tudo emana alegria, tudo parece bonito. Nem parecia que existiam carros, motoristas grosseiros olhando a bunda da garota enquanto passavam, nem poluição, nem impaciência.
Parecia que só havia os dois e aquilo que sentiam e era bom o suficiente e para sempre. Voltaram, com o refrigerante que haviam ido comprar no mercadinho, igualmente inspiradores e amáveis. E eu voltei à minha pequena significância, se eles na sua simplicidade tornam o mundo indefectível e terno, em meio ao caos do cotidiano; quem sou eu para apontar algum defeito nessa vida?? Suspirei. Relógio desacelerado momentaneamente; retornei ao ritmo indiferente das coisas e fui pagar meu aluguel.

quarta-feira, 7 de setembro de 2011

por escrito

Algumas pessoas derramam lágrimas, eu espalho letras numa página branca. E às vezes é como um choro. Absurdamente nem existem motivos, nem sequer a página branca literalmente. É em vão. Significo cada palavra, como se fosse cada um dos silêncios indizíveis.
E depois de uns dois parágrafos, esses soluços mais espaçados, dão conta de certo alívio que é transmitir o peso do sentir para o sentido de cada frase; uma oração. Sinto-me absolvida pelas intenções nunca claras, nunca óbvias, nem para mim. Ladainha finda, faço coro a essa prece:

terça-feira, 6 de setembro de 2011

propriamente

Não estou escrevendo. Descrevo; descrente da inspiração sobre o dia em que não me importe quando emana só o que não compreendo, ou não quero. Me prendo a não aceitação dessas escolhas, alheias às minhas. “Minha liberdade carrega um peso”, diz Camila. Concordo e quero também, crer na capacidade de libertar, a você, a mim; das razões, dos protocolos, do esperado. Compreender a limitação implícita no ato de afetar alguém. Há as intenções e as interpretações carregadas de tudo aquilo que vem antes e nos molda. “Meu tempo é quando” já disse Vinícius. Vamos ultrapassar a barreira das horas e viver agora, só daquilo que nos cintile.