quarta-feira, 27 de abril de 2011

PROCURA-SE

Procura-se um equilibrista
que saiba caminhar na linha
que divide a noite do dia
que saiba carregar nas mãos
um fino pote cheio de fantasia
que saiba construir ilhas de Poesia
na vida simples de todo dia.


Roseana Murray in Classificados Poéticos, 1984

imagem: arquivo pessoal, viagem MA, 01-2011

terça-feira, 26 de abril de 2011






"Repito: onde mora a delicadeza? " C. Pereira





imagem: viagem MA/jan 2011/minha casa

segunda-feira, 25 de abril de 2011

Gêneros

Deve haver um lado bom em conhecer todo esse conto, entender o enredo. Acontece que nesse momento sou parcial e só vejo um lado dos fatos, o meu. Suspeito que perceber essa realidade que nos afronta insensivelmente seja questão de escolha.
Sempre lembro de Gullar e Leminski quando dizem dessa clareza que não escapa aos sentidos e que nos insulta, independente da nossa vontade de que as coisas fossem diferentes, tivessem outros significados, mas não tem. Tudo é tão claro que ofusca.
Penso nessa história fantasiosa que agora li, esta que fragiliza desde os primeiros desejos, que brinca de faz de conta mas depois desmente, quebra o encanto; mas penso também na possibilidade de reconstruir outros sentidos e sentimentos num possível romance que eu ainda venha a ler ou sonhar porque eu acredito no outro lado de tudo que ainda não vivi; existe muito mais além desse momento que agora me prende.
Espero a liberdade que começa com um olhar novo e curioso para o instante seguinte, com poesia.

domingo, 24 de abril de 2011


eu preciso andar
um caminho só
vou buscar alguém
que eu nem sei quem sou

Eu escrevo e te conto o que eu vi
e me mostro de lá pra você
guarde um sonho bom pra mim



Rodrigo Amarante in trecho da música primeiro andar

segunda-feira, 18 de abril de 2011

Oh! Mágico entardecer dos anos! (...) O coração não soma os meses com os meses; o coração goteja eternidade..."

Francisco Bendezú


Os minutos trazem um cansaço ansioso dos cronômetros diários, resistir é difícil, mesmo assim escolho lutar pelo ânimo, seguir munida de inspiração, mesmo aquela colhida nas coisas mais frágeis, nos sentimentos mais delicados. Talvez seja só uma vontade de viver de brisa, levemente, leve mente, leve...

terça-feira, 5 de abril de 2011

(...)
Eu venho dos anos, das eras, que longe se acham daqui,
Contigo cantei a canção no espaço maior,
Em forma de luzes de um mundo melhor
Mas foi necessário partir

Eu lembro da primeira vez que te vi,
Milênios de instantes de mim para ti,
Num só paralelo de imensidão
Estamos aqui.

Viemos de longe, do largo, do alto
Profundo
Cercado de inícios de todos os mundos
Sem poder parar.
(...)
Oliveira de Panelas, poeta e repentista

moradia

" (...) uma casa é infinita." Francisco Daniel*

A fala simples e quem sabe equivocadamente escolhida para expressar a indignação diante do fato de ver a própria casa ruir aos poucos, demonstra os deslimites da linguagem que mostra não apenas a objetividade da opinião, mas toda a emotividade que a fundamenta. Ao dizer da concepção de durabilidade de uma casa, o morador diz mais. Diz do significado poético e afetivo da palavra, diz além. Casa é para ele o lar, o lugar onde reside e residirá indefinidamente os seus, a família, as lembranças, as histórias, os afetos; essas coisas que se passam no lugar onde nascemos, crescemos e vivemos e não tem fim, não se encerram num imóvel, não se resumem a paredes, tetos e portas. É um mundo que se eterniza na mente e no coração de toda gente, que é a alma da toda casa. Essa moradia, infinita mesmo, dos nossos desejos, dos nossos sonhos de habitar a vida.


Eu compartilho desse significado ou talvez apenas o perceba erroneamente, mas carrego esse sentimento de infinitude, também.

*(morador de Trizidela do Vale -MA, sobre as casas entregues para as vitimas das enchentes no interior do estado do MA, e que já estavam apresentando risco aos moradores por causa das rachaduras. Assista aqui.)