" (...) uma casa é infinita." Francisco Daniel*
A fala simples e quem sabe equivocadamente escolhida para expressar a indignação diante do fato de ver a própria casa ruir aos poucos, demonstra os deslimites da linguagem que mostra não apenas a objetividade da opinião, mas toda a emotividade que a fundamenta. Ao dizer da concepção de durabilidade de uma casa, o morador diz mais. Diz do significado poético e afetivo da palavra, diz além. Casa é para ele o lar, o lugar onde reside e residirá indefinidamente os seus, a família, as lembranças, as histórias, os afetos; essas coisas que se passam no lugar onde nascemos, crescemos e vivemos e não tem fim, não se encerram num imóvel, não se resumem a paredes, tetos e portas. É um mundo que se eterniza na mente e no coração de toda gente, que é a alma da toda casa. Essa moradia, infinita mesmo, dos nossos desejos, dos nossos sonhos de habitar a vida.
Eu compartilho desse significado ou talvez apenas o perceba erroneamente, mas carrego esse sentimento de infinitude, também.
*(morador de Trizidela do Vale -MA, sobre as casas entregues para as vitimas das enchentes no interior do estado do MA, e que já estavam apresentando risco aos moradores por causa das rachaduras. Assista aqui.)