ALVORADAS
então bebo
o descompromisso
do amanhã
o dia engendra coisas
à minha revelia
e tudo é
bem maior que
a mesquinhez do destino
e se anuncia na bruma
surda
tola
linda
de hoje
Sonia Pereira (aqui)
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quinta-feira, 21 de junho de 2012
sexta-feira, 16 de março de 2012
ausência
Por muito tempo achei que a ausência é falta.
E lastimava, ignorante, a falta.
Hoje não a lastimo.
Não há falta na ausência.
A ausência é um estar em mim.
E sinto-a, branca, tão pegada, aconchegada nos meus braços,
que rio e danço e invento exclamações alegres,
porque a ausência assimilada,
ninguém a rouba mais de mim.
Carlos Drummond de Andrade (li aqui)
E lastimava, ignorante, a falta.
Hoje não a lastimo.
Não há falta na ausência.
A ausência é um estar em mim.
E sinto-a, branca, tão pegada, aconchegada nos meus braços,
que rio e danço e invento exclamações alegres,
porque a ausência assimilada,
ninguém a rouba mais de mim.
Carlos Drummond de Andrade (li aqui)
sexta-feira, 17 de fevereiro de 2012
poisea
(...)
Não tremulam por mim os estandartes.
Não organizo rutilâncias .
Nem venho de nobrementes .
Maior que o infinito é o incolor.
Eu sou meu estandarte pessoal.
Preciso do desperdício das palavras para conter-me.
O meu vazio é cheio de inerências.
(...)
Não tremulam por mim os estandartes.
Não organizo rutilâncias .
Nem venho de nobrementes .
Maior que o infinito é o incolor.
Eu sou meu estandarte pessoal.
Preciso do desperdício das palavras para conter-me.
O meu vazio é cheio de inerências.
(...)
Manoel de Barros
sábado, 26 de novembro de 2011
Para ti
(...)
Para ti criei todas as palavras
e todas me faltaram
no minuto em que falhei
o sabor do sempre
Para ti dei voz
às minhas mãos
abri os gomos do tempo
assaltei o mundo
Mia Couto
(...)
Para ti criei todas as palavras
e todas me faltaram
no minuto em que falhei
o sabor do sempre
Para ti dei voz
às minhas mãos
abri os gomos do tempo
assaltei o mundo
Mia Couto
terça-feira, 10 de maio de 2011
terça-feira, 5 de abril de 2011
(...)
Eu venho dos anos, das eras, que longe se acham daqui,
Contigo cantei a canção no espaço maior,
Em forma de luzes de um mundo melhor
Mas foi necessário partir
Eu lembro da primeira vez que te vi,
Milênios de instantes de mim para ti,
Num só paralelo de imensidão
Estamos aqui.
Viemos de longe, do largo, do alto
Profundo
Cercado de inícios de todos os mundos
Sem poder parar.
(...)
Oliveira de Panelas, poeta e repentista
Eu venho dos anos, das eras, que longe se acham daqui,
Contigo cantei a canção no espaço maior,
Em forma de luzes de um mundo melhor
Mas foi necessário partir
Eu lembro da primeira vez que te vi,
Milênios de instantes de mim para ti,
Num só paralelo de imensidão
Estamos aqui.
Viemos de longe, do largo, do alto
Profundo
Cercado de inícios de todos os mundos
Sem poder parar.
(...)
Oliveira de Panelas, poeta e repentista
segunda-feira, 14 de março de 2011
Meu amor se alimenta
Meu amor se alimenta de esperas,
esta noite ela vem ou não?
O futuro não existe
e torna tudo possível.
Teus lábios na minha orelha
sussurram a página zero
de um livro a ser escrito.
Um livro de areia
à espera de uma onda
de um vendaval,
de um final.
Certamente imprevisível
no oráculo ilógico do acaso.
Mas o meu amor permanece
impassível, inventando passatempos
esperando latente
espumante alvorecer.
Meu amor se alimenta de esperas,
esta noite ela vem ou não?
O futuro não existe
e torna tudo possível.
Teus lábios na minha orelha
sussurram a página zero
de um livro a ser escrito.
Um livro de areia
à espera de uma onda
de um vendaval,
de um final.
Certamente imprevisível
no oráculo ilógico do acaso.
Mas o meu amor permanece
impassível, inventando passatempos
esperando latente
espumante alvorecer.
Leandro Wirz, trazendo pra gente a poesia sempre oportuna e inspiradora :)
quarta-feira, 2 de fevereiro de 2011
sim
Faz
Faz minhas noites
mais
leves
Faz meus dias
mais
breves -
intensos.
Faz meus momentos
mais
vivos
Faz meus risos
mais
ricos -
sinceros.
Faz meus instantes
mais
inteiros
Faz minhas horas
mais
agora -
eternas.
Faz minhas noites
mais
leves
Faz meus dias
mais
breves -
intensos.
Faz meus momentos
mais
vivos
Faz meus risos
mais
ricos -
sinceros.
Faz meus instantes
mais
inteiros
Faz minhas horas
mais
agora -
eternas.
Leandro Wirz (tava na hora do poeta aparecer aqui e nos ensinar desejos...)
quarta-feira, 8 de dezembro de 2010
nome ar
A.C
(...)
Amor,
só a pele não,
Sua alma
ou o seu assunto de suma
importância
e os contrastes fortes:
nome sobre o nome.
(...)
Amor,
só a pele não,
Sua alma
ou o seu assunto de suma
importância
e os contrastes fortes:
nome sobre o nome.
Armando Freitas Filho
segunda-feira, 18 de outubro de 2010
Retrato Quase Apagado em que se Pode Ver Perfeitamente Nada
V
Escrever nem uma coisa Nem outra -
A fim de dizer todas
Ou, pelo menos, nenhumas.
Assim,
Ao poeta faz bem
Desexplicar -
Tanto quanto escurecer acende os vaga-lumes.
VI
No que o homem se torne coisal,
corrompem-se nele os veios comuns do entendimento.
Um subtexto se aloja.
Instala-se uma agramaticalidade quase insana,
que empoema o sentido das palavras.
Aflora uma linguagem de defloramentos, um inauguramento de falas
Coisa tão velha como andar a pé
Esses vareios do dizer.
V
Escrever nem uma coisa Nem outra -
A fim de dizer todas
Ou, pelo menos, nenhumas.
Assim,
Ao poeta faz bem
Desexplicar -
Tanto quanto escurecer acende os vaga-lumes.
VI
No que o homem se torne coisal,
corrompem-se nele os veios comuns do entendimento.
Um subtexto se aloja.
Instala-se uma agramaticalidade quase insana,
que empoema o sentido das palavras.
Aflora uma linguagem de defloramentos, um inauguramento de falas
Coisa tão velha como andar a pé
Esses vareios do dizer.
Manoel de Barros, daqui
terça-feira, 14 de setembro de 2010
sexta-feira, 20 de agosto de 2010
quarta-feira, 30 de junho de 2010
Habitat
Poesia não se escreve
com girassóis
ou lírios.
Versos são cílios –
melhor, ciscos –
no olho
que não chora.
Escrevo porque abraço
ouriços.
Vivo isso.
Piso ruínas.
Habito-as.
Leandro Wirz (pra não esquecer a poesia diária)
Poesia não se escreve
com girassóis
ou lírios.
Versos são cílios –
melhor, ciscos –
no olho
que não chora.
Escrevo porque abraço
ouriços.
Vivo isso.
Piso ruínas.
Habito-as.
Leandro Wirz (pra não esquecer a poesia diária)
segunda-feira, 31 de maio de 2010
Eu mesma não gosto de vir aqui e olhar o post de vários dias, mesmo que eu não tenha nada novo a dizer, deixo aqui um poema, umas palavras que não são minhas; e que contém a novidade do belo, porque o que nos comove, o que nos abisma, sempre traz a cintilância do primeiro olhar, sempre encanta...
Vá saber
não sei se faço bem
nada do que faço bem,
se bem me faz
o que por bem conheço,
ou se mereço o nome que me fiz,
de quem no espelho busca o avesso,
de si mesmo
o vértice oposto.
posto que todo ser me contamina,
e cada nota
recompõe a pauta,
o que mais me ensina
é o que desconserta,
e o que me completa
sempre mais me falta.
João Angelo Salvadori
não sei se faço bem
nada do que faço bem,
se bem me faz
o que por bem conheço,
ou se mereço o nome que me fiz,
de quem no espelho busca o avesso,
de si mesmo
o vértice oposto.
posto que todo ser me contamina,
e cada nota
recompõe a pauta,
o que mais me ensina
é o que desconserta,
e o que me completa
sempre mais me falta.
João Angelo Salvadori
segunda-feira, 29 de março de 2010
Agora que a verdade vem
Chega a doer
este poema no corpo.
Um soco
que desnorteia
e me põe sentado
à beira da cama.
Encontrar meu rosto
no espelho dos teus versos
tira meu ar,
arranca meu chão.
O clarão da luz tão forte
por um instante cega.
Mas tudo bem.
Agora que a verdade vem
eu sei para onde eu vou.
Leandro Wirz
Chega a doer
este poema no corpo.
Um soco
que desnorteia
e me põe sentado
à beira da cama.
Encontrar meu rosto
no espelho dos teus versos
tira meu ar,
arranca meu chão.
O clarão da luz tão forte
por um instante cega.
Mas tudo bem.
Agora que a verdade vem
eu sei para onde eu vou.
Leandro Wirz
quarta-feira, 10 de março de 2010
a parte mais elevada
para a minha alma eu quero os montes mais altos,
para que eu possa unir, numa só existência,
os dois lados da vida
topo tão longe, e eu, junto de tantas pessoas,
passo ínfima em sua base infinitamente
extensa
infinitamente cheia de um mundo mudo
e sobre as almas também mudas, um feixe de luz
mas todas elas transitam maquinalmente
na base que se perde da vista.
parada, olho para elas e para o cimo dentro de mim.
se elas soubessem...
para a minha alma eu quero os montes mais altos,
para que eu possa unir, numa só existência,
os dois lados da vida
topo tão longe, e eu, junto de tantas pessoas,
passo ínfima em sua base infinitamente
extensa
infinitamente cheia de um mundo mudo
e sobre as almas também mudas, um feixe de luz
mas todas elas transitam maquinalmente
na base que se perde da vista.
parada, olho para elas e para o cimo dentro de mim.
se elas soubessem...
segunda-feira, 1 de março de 2010
agora não se fala mais
toda palavra guarda uma cilada
e qualquer gesto é o fim
do seu início:
agora não se fala nada
e tudo é transparente em cada forma
qualquer palavra é um gesto
e em sua orla
os pássaros de sempre cantam
nos hospícios.
você não tem que me dizer
o número de mundo deste mundo
não tem que me mostrar
a outra face
face ao fim de tudo:
só tem que me dizer
o nome da república do fundo
o sim do fim
do fim de tudo
e o tem do tempo vindo:
não tem que me mostrar
a outra mesma face ao outro mundo
(não se fala. não é permitido:
mudar de idéia. é proibido.
não se permite nunca mais olhares
tensões de cismas crises e outros tempos.
está vetado qualquer movimento
Torquato Neto -daqui
toda palavra guarda uma cilada
e qualquer gesto é o fim
do seu início:
agora não se fala nada
e tudo é transparente em cada forma
qualquer palavra é um gesto
e em sua orla
os pássaros de sempre cantam
nos hospícios.
você não tem que me dizer
o número de mundo deste mundo
não tem que me mostrar
a outra face
face ao fim de tudo:
só tem que me dizer
o nome da república do fundo
o sim do fim
do fim de tudo
e o tem do tempo vindo:
não tem que me mostrar
a outra mesma face ao outro mundo
(não se fala. não é permitido:
mudar de idéia. é proibido.
não se permite nunca mais olhares
tensões de cismas crises e outros tempos.
está vetado qualquer movimento
Torquato Neto -daqui
quinta-feira, 25 de fevereiro de 2010
sobre o que nos sacia
Meu amor se alimenta
Meu amor se alimenta de esperas,
esta noite ela vem ou não?
O futuro não existe
e torna tudo possível.
Teus lábios na minha orelha
sussurram a página zero
de um livro a ser escrito.
Um livro de areia
à espera de uma onda
de um vendaval,
de um final.
Certamente imprevisível
no oráculo ilógico do acaso.
Mas o meu amor permanece
impassível, inventando passatempos
esperando latente
espumante alvorecer.
Meu amor se alimenta de esperas,
esta noite ela vem ou não?
O futuro não existe
e torna tudo possível.
Teus lábios na minha orelha
sussurram a página zero
de um livro a ser escrito.
Um livro de areia
à espera de uma onda
de um vendaval,
de um final.
Certamente imprevisível
no oráculo ilógico do acaso.
Mas o meu amor permanece
impassível, inventando passatempos
esperando latente
espumante alvorecer.
Leandro Wirz nos alimentando com a sua poesia...
sábado, 30 de janeiro de 2010
poesia pro dia de hoje
OBJETO SUJEITO
você nunca vai saber
quanto custa uma saudade
o peso agudo no peito
de carregar uma cidade
pelo lado de dentro
como fazer de um verso
um objeto sujeito
como passar do presente
para o pretérito perfeito
nunca saber direito
você nunca vai saber
o que vem depois de sábado
quem sabe um século
muito mais lindo e mais sábio
quem sabe apenas
mais um domingo
você nunca vai saber
e isso é sabedoria
nada que valha a pena
a passagem pra pasárgada
xanadu ou shangrilá
quem sabe a chave
de um poema
e olha lá
Paulo Leminski
você nunca vai saber
quanto custa uma saudade
o peso agudo no peito
de carregar uma cidade
pelo lado de dentro
como fazer de um verso
um objeto sujeito
como passar do presente
para o pretérito perfeito
nunca saber direito
você nunca vai saber
o que vem depois de sábado
quem sabe um século
muito mais lindo e mais sábio
quem sabe apenas
mais um domingo
você nunca vai saber
e isso é sabedoria
nada que valha a pena
a passagem pra pasárgada
xanadu ou shangrilá
quem sabe a chave
de um poema
e olha lá
Paulo Leminski
segunda-feira, 25 de janeiro de 2010
penso e passo
Quando penso
que uma palavra
pode mudar tudo
não fico mudo
MUDO
Quando penso
que um passo
descobre um mundo
não paro o passo
PASSO
e assim que
passo e mudo
um novo mundo nasce
na palavra que penso
que uma palavra
pode mudar tudo
não fico mudo
MUDO
Quando penso
que um passo
descobre um mundo
não paro o passo
PASSO
e assim que
passo e mudo
um novo mundo nasce
na palavra que penso
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