sexta-feira, 30 de janeiro de 2009

sabedoria versão compacta

Se eu conservar no coração um ramo verde, uma pássaro cantor virá pousar nele.
Antes de começar a reformar o mundo, dá três voltas através da tua própria casa.
Nunca é tão fácil perder-se como quando se julga conhecer o caminho.
Quem sorri em vez de esbravejar é sempre o mais forte.

Amor é força e cria vida em todos os seres.
Provérbios chineses
A felicidade gosta de entrar nos lares, nos quais reina bom humor.
Provérbio japonês
O sorriso que dás, voltas para ti mesmo.
Provérbio indiano
Ter caráter é nada fazer em segredo que o envergonharia em público.
Provérbio árabe

PS:Todos copiados da minha antiga agenda (ainda atual).

quarta-feira, 28 de janeiro de 2009

Um brinde à mentira

Ontem tomei minha dose regular de desilusão. Decepção pouca, não. Pedi dose dupla com muita melancolia. Quem manda acreditar em monstrinho imaginário de outra pessoa; veja só, monstro, imaginário e não meu; totalmente previsível essa história de carochinha. Mas é essa idéia absurda de fazer magia com o óbvio. Realmente impossível suportar a realidade de mentirinha com sentimentos de verdade. Isso me obriga a tomar minha dose regular de indiferença, para blindagem, mas me deixa totalmente vulnerável, alvo fácil. Se ainda houvesse algum lirismo, alguma grandeza nessa embriaguez, mas tudo é só ridículo, principalmente porque continuo sóbria, mesmo com toda confusão. Mas só até eu decidir se bebo ou não minha dose esporádica de ilusão.
Palavras de ressaca, regurgitadas bem cedo, de manhã. Nada que um banho e um bom café não curem.

terça-feira, 27 de janeiro de 2009

vejo dois mundos da minha janela

"Não basta abrir a janela Para ver os campos e o rio. Não é bastante não ser cego Para ver as árvores e as flores. É preciso também não ter filosofia nenhuma. Com filosofia não há árvores: há idéias apenas. Há só cada um de nós, como uma cave. Há só uma janela fechada, e todo o mundo lá fora; E um sonho do que se poderia ver se a janela se abrisse, Que nunca é o que se vê quando se abre a janela. "

Alberto Caeiro

Janela

jardim








segunda-feira, 26 de janeiro de 2009

meu retrato preferido



O desenho foi feito pelas pessoinhas mais queridas e lindas há uns quatro anos atrás, ficou tão perfeito que colocaram até os detalhes da blusa (comparem nº e cor ) que ainda guardo té hoje, os detalhes da calça também mas não a guardei, era um sebastião conhecido essa roupa; como quero guardar esse carinho que, eu sei foi muito verdadeiro, ficará aqui. Só acho que minha cabeça não é tão chata assim, é?

domingo, 25 de janeiro de 2009

pra se inspirar

coração
PRA CIMA
escrito em baixo
FRÁGIL
Eu

eu
quando olho nos olhos
sei quando uma pessoa
está por dentro
ou está por fora

quem está por fora
não segura
um olhar que demora

de dentro de meu centro
este poema me olha

apagar-me
diluir-me
desmanchar-me
até que depois
de mim
de nós
de tudo
não reste mais
que o charme

Paulo Leminski in http://www.revista.agulha.nom.br/pl.html#inicio
Especialmente para um querido leitor e pretendente, não digo que é o Rafa.

quarta-feira, 21 de janeiro de 2009

imagem: http://olhares.aeiou.pt/beautiful_dream_foto1753360.html
Hoje cheguei da viagem ao MA e voltando pra casa depois de uma volta pela cidade, já colocando alguns assuntos em dia, lembrei desse poema, lembrava dos primeiros versos apenas. Foi o bastante pro Google fazer o resto do trabalho por mim. Aí está, lindo e inesquecível. Porque a gente devia se despedir de algumas coisas e pessoas com poesia, onde até dor e tristeza podem ser bonitas, colocar um fim assim, junto com o ponto final do último verso, e seguir compondo coisas novas, mesmo novamente finitas, novamente suscetíveis a outras despedidas sofridas.
Nel mezzo del camim...

Cheguei. Chegaste. Vinhas fatigada
E triste, e triste e fatigado eu vinha.
Tinhas a alma de sonhos povoada,
E a alma de sonhos povoada eu tinha...
E paramos de súbito na estrada
Da vida; longos anos, presa à minha
A tua mão, a vista deslumbrada
Tive da luz que teu olhar continha.
Hoje segues de novo... Na partida
Nem o pranto os teus olhos umedece,
Nem te comove a dor da despedida.
E eu, solitário, volto a face, e tremo,
Vendo o teu vulto que desaparece
Na extrema curva do caminho extremo.

segunda-feira, 19 de janeiro de 2009

tempo

Houve um tempo em que o auge da felicidade era encontrar o mais novo esconderijo das guloseimas proibidas.

Houve um tempo em o auge da felicidade eram olhares cruzados cheios das mais pueris ilusões, mesmo assim perfeitas.

E há o agora, onde me pego pensando no futuro e no que hei de considerar ter sido o auge da felicidade.

domingo, 11 de janeiro de 2009

Personagem

Eu estou tentando escrever uma crônica onde a personagem seja uma mulher, mas acho muito autobiográfico e não consigo encontrar um nome que faça o leitor acreditar, assim como eu acredito, nas personagens dos livros que li e acho que não poderiam ter outro nome senão aquele. Acho os nomes que coloco muito inapropriados. Ninguém acha que a moça dos olhos de ressaca deveria ter outro nome que não fosse Capitu, inimaginável isso. Não que eu imagine criar uma personagem tão famosa, mas encontrar essa verdade, que só é possível na fantasia.
 
Então a mocinha dessa história não tem nome ainda, mas existe. Vou tentar falar um pouco sobre ela, tentar familiarizá-los sem que isso signifique que devam simpatizar com ela. Mas então, essa moça também não vive nada de extraordinário, não faz nada de extraordinário que faça dela a nossa heroína; embora pessoalmente, eu creia que qualquer pessoa seja digna desse título, qualquer um que esteja nessa luta diária que é viver, é herói. Alguns têm que guerrear mais, mesmo que seja difícil pra mim desmerecer alguém, julgar o quanto uns são mais fortes ou valorosos que outros, e quanto a esse pensamento eu e a moça de quem falo somos parecidas.
 
Na verdade quanto às muitas dúvidas em relação a tudo, ela é assim, eu também. Falemos dela. Outro dia mesmo, na verdade há muitos dias, mas quando acontece algo do tipo, fica-lhe na mente como um pequeno filme aquela cena, e vez ou outra se pega a lembrar de repente.
Outro dia então, foi que estava numa estrada esperando, (a espera é frequente) e viu passar o que parecia ser uma família: duas crianças, uma moça e um rapaz cada um numa bicicleta. De repente a que parecia a mãe desacelerou e esperou que o moço, que parecia ser o pai, apoiasse a mão em suas costas e lhe desse um impulso, ao que lhe retribuiu com um sorriso, a cena também agradou aos outros membros da família viajante.
Aquele gesto comoveu a moça de um jeito; como ela achou lindo aquela ajuda, aquele empurrão; não foi um empurrão puro e simples, foi cheio de cumplicidade, carinhho e afeto e aquilo a emocionou bastante, lembrou de um filme que nunca assistiu (nem eu, talvez o faça um dia) , chamado O caminho da nunvens¹ onde um família faz uma viagem sobre bicicletas.
 
Vejam vocês como eu posso fazer dessa moça alguém que também se comove, com a entrada de um casal dentro do ônibus, com a gentileza do rapaz ajudando a menina com as sacolas, tendo o cuidado de procurar um lugar pra ela ou se ficarem de pé, ficar ao seu redor como a proteger-lhe de qualquer desequilíbrio numa curva, ou qualquer outra coisa.
 
Alguns podem pensar que essa moça tem uma sensibilidade boba, gosta dessas sutilezas dos romances reais, outros podem dizer que é muito brega essa admiração, que não veêm beleza numa cena trivial dessas. Eu sinceramente começo a ter simpatia por ela, seus sentimentos, sua forma de olhar as coisas, as pessoas. Mas ainda não é essa a personagem sobre quem quero escrever. Talvez se eu lhe desse um nome...Não. Vou tentar de novo mas, outro dia.
 
1- "O Caminho das Nuvens é baseado na história real de Cícero Ferreira Dias. Caminhoneiro desempregado que, junto com sua mulher e seus 5 filhos, pedala desde Santa Rita, na Paraíba, até Bangu, no Rio de Janeiro, numa arriscada jornada de 3.200 quilômetros."(http://www.adorocinemabrasileiro.com.br/filmes/caminho-das-nuvens/caminho-das-nuvens.asp )

PS: Rascunho enviado diretamente de Teresina-PI.

sábado, 3 de janeiro de 2009

Tema

Tem dias que acordo com uma vontade de ouvir determinada música. Hoje foi essa. Confesso que assisti a minissérie A Casa das Sete Mulheres em alguns momentos, muito mais interessada no romance de Perpétua (Daniela Escobar) e Inácio (Marcelo Novaes) do que na história da Revolução Farroupilha. Eu lembro que quando tocava o tema do casal era lindo. Ah... esses hormônios botam a gente comovida como o diabo (com a licença de Drummond). Eu só acho que esse sax poderia ser dispensado, e continuaria ótima, mas enfim se eu entendesse de música estaria cantando ou tocando e não implicando com o som de um instrumento numa música que gosto.


Fênix-Jorge Vercilo

PS: Vou ali, ao Maranhão; se eu demorar dar as caras por aqui, até a volta. Deixo essa música tocando aqui até lá. Aproveitem!

sexta-feira, 2 de janeiro de 2009

Testemunhas

Ontem eu assisti um filme na tv, Dança Comigo com Richard Gere, Jennifer Lopez e Susan Sarandon. Sou suspeita pra falar porque adoro esse tipo de filme, que fala sobre dança, que tem dança na história, mas achei emocionante mesmo, fiquei pensando numa fala da personagem Beverly Clark (Susan Sarandon) esposa de Clark (Richard Gere) onde ela explica porque as pessoas se casam. Disse que as pessoas se casam "Porque precisamos de alguém que testemunhe nossa vida. Com bilhões de pessoas no planeta o que a vida de alguém significa? Mas no casamento você promete cuidar de tudo. As coisas boas, as ruins, as terríveis. As coisas mundanas... Tudo isso, o tempo todo, todos os dias. Você está dizendo: "sua vida não passará despercebida, porque eu vou perceber. Sua vida não passará sem testemunho, porque eu serei sua testemunha." (finalmente encontrei aqui na íntegra, e consertei, alguém também achou uma linda fala)

O fato é que isso me lembrou uma situação inusitada que aconteceu há alguns dias, esperando o sinal fechar agarrada a um poste enquanto as outras pessoas se arriscavam no meio do vai e vem dos carros. Um senhor bem idoso chegou perto de mim. Perguntou se eu estava com medo, se queria viver muito. Disse que faria 70 anos tinha trabalhado não sei quantos anos pro Governo, sua mulher faria 65 anos de idade e eles fariam 45 de casamento. Eu disse a ele que isso era muito bom, e faltavam apenas cinco anos pra comemorarem bodas de ouro. Ele insensível a minha pouca atenção, tirou da carteira uma foto de sua senhora me contando que ela havia ido ver os pais no Ceará. Eu disse que era bonita (não menti), me admirei dos pais ainda estarem vivos; fiquei meio sem jeito daquele senhor esta me contando sua vida toda no tempo em que o semáforo demora para ficar verde. Abriu o sinal, disparei e ele continuou andando ao meu lado, conversando. Eu até andei mais devagar porque não quis ser grosseira e deixá-lo falando só. Mas então tive que dobrar a esquina e acho que ele tinha que seguir em frente, fiquei aliviada porque a gente sempre acha que essas pessoas são um pouco loucas, mas fiquei mal depois, porque quando eu tive que seguir em outra direção, nem olhei pra trás pra me despedir com um sorriso cordial.

Depois fiquei a pensar porque aquele senhor abordou uma estranha num sinal de trânsito pra lhe contar um pouco da sua vida, do seu cotidiano. Será que estamos tão insensíveis e indiferentes assim? Que não conseguimos nos escutar, nos falar mais. Dividir nossos pequenos dramas, comédias e romances cotidianos? Eu acho que talvez esteja faltando sim, um pouco de cumplicidade, de generosidade. Acho que precisamos sim de alguém pra dividir essa imensidão que é viver, de compartilhar essa vida que transborda em nós.
Que nesse ano sejamos mais humanos, mais generosos, mais atenciosos, sejamos testemunhas uns dos outros.

Eu me pergunto porque eu também venho contar dessas amenidades aqui, acho que eu também estou conversando com um estranho esperando o sinal ficar verde, pra continuar.

Mil beijos meus confidentes inesperados. Feliz ano novo! Oxalá que seja um ano de paz.