quarta-feira, 30 de novembro de 2011

saudações

Bom dia,

Céu, sol (tímido ainda). Boa sensação, a de amanhecer junto com o mundo, devagarinho despertar o corpo e a mente pras atividades, mesmo corriqueiras de passar o café e ligar o rádio pra harmonizar as sinfonias que adormecem dentro da gente; as quais propagamos no gesto, na voz, no nosso jeito de estar, aqui.

Boa tarde pra você.

sábado, 26 de novembro de 2011

Para ti
(...)
Para ti criei todas as palavras
e todas me faltaram
no minuto em que falhei
o sabor do sempre

Para ti dei voz
às minhas mãos
abri os gomos do tempo
assaltei o mundo

Mia Couto

terça-feira, 22 de novembro de 2011

Linhagem

Agora
Chega a hora, o instante. Imaginar já não basta. Aprender também, mas fazer da palavra o avesso do verso, da prosa, o existir primeiro do que se viu e sentiu. Encantar o cotidiano com as letras e os sons que vibram junto, que pulsam a cada batida no peito, a cada sopro de ar que expiramos e inspiramos.


(eu aqui, em outro alinhamento)

segunda-feira, 14 de novembro de 2011

para hoje (e amanhãs)

Chegando. Encaro de frente; enfrento a fraqueza que vem do desejo; essa humanidade que anseia sempre o que estar por vir, o que não é iminente, tangível. Toco essa incompletude pela palavra e esvazio essa falta quando assumo que só sei ser, eu , intensamente.

quinta-feira, 10 de novembro de 2011

contido

a dor ar
a dor
ar

até parece que a gente gosta de lembrar daquilo tão dolorido, mesmo que no passado já tenho sido bem colorido. até parece que a gente manda, a mente muda, desanuvia. até parece que quem vê crê, que a gente acredita que vai passar; vai passar, rapidinho. mas enquanto tudo isso insiste ainda, dou um pequeno passo, faço um verso do que resta e o resto se esvairá, devagar na poesia e na prosa de cada dia.

quarta-feira, 9 de novembro de 2011

às vezes

"Sometimes it lasts in love/ But sometimes it hurts instead" Adele

To vendo o arquivo desse blog, decrescendo em números de postagens a cada ano. Hora de parar? De escrever não, claro. [Que essa certeza esse espaço me deu. Sou feliz escrevendo, despretenciosamente escrevendo. Talvez bem mais despreocupadamente no início, quem sabe por isso os silêncios maiores agora.] Mas de tomar novos rumos, ocupar outros espaços, mudar o foco. É difícil resistir ao desejo de que as coisas dêem muito certo, sempre ou continuem nos agradando. É difícil entender que as vezes, as coisas, as pessoas, mudam, escolhem, desistem, insistem, desbotam, retornam, distanciam ou aproximam-se (de outras coisas ou pessoas ou idéias). Mas nada é tão pessoal assim, nem eu mesma sou a mesma de ontem; há um fluxo, há um movimento que reconfigura todas as circunstâncias, todos os sentimentos, todos os pensamentos, indefinidamente; eu o sigo. E agora começo, devagar a aceitar os rumos que me cabem, sem no entanto isso significar resignação, não se explica. Só entendi, que há mais gente com as mesmas dúvidas, os mesmos medos, os mesmos desejos, os mesmos sonhos e é bonito se enxergar no outro. Continuo sem saber se é hora do ponto final ou reticências, pausas, sumiços, presença. Mas seja qual for a decisão, será o que eu poderei fazer de melhor, viver de agora, esse instante.

segunda-feira, 7 de novembro de 2011

espelho

Você é capaz de guardar um segredo?

Estou falando de algo que é só meu, que ninguém faz idéia, que o mundo desconhece, que eu trago do berço, do antes, do primeiro piscar de olhos. Não é um lugar, nem uma sentença. Também não é uma crença, tampouco uma lenda! Não é com alguém, é comigo. É inato, fortuito, inviolável. Está oculto, encoberto, imperceptível. Não, eu não estou doente…nem louca! O meu segredo é sobre mim. Quantas coisas sobre você só você sabe?

Existe algo em mim que é sem-par, que me torna dessemelhante, que me desarvora. Minha verdade clandestina é o que me faz ser caminhante, que me dá condições para supor os porquês da minha existência, que me propicia frentear a vida. O meu mistério me pertence. E você, tem um mistério que é só seu, que te dá vantagens, que te auxilia?
Se você me der a sua palavra, eu lhe concedo um voto de confiança!
E então, posso lhe contar?

Repare em mim! Ora, vamos, com mais tento, com mais ternura, com mais tato! Está vendo? Experimente de novo! Sem urgência, sem ânsia, sem alvoroço. Para saber de mim, você vai ter que desperdiçar o seu tempo! Você teria disposição suficiente para sair de si e vir até aqui me conhecer com propriedade?
Chegue mais perto, pode se aproximar! Não é fabuloso?

Eu escolhi você, dentre todas as pessoas do mundo, para confidenciar o meu segredo. Esse que é parte de mim, que me deforma e me diferencia: o meu terceiro olho! Esse globo camuflado bem no meio da testa, essa coisa benta e monstruosa, maldita e dadivosa! Um sexto sentido que não se adequa, que não se encaixa.

Estou sempre na divisa entre dois mundos: o visível e o invisível! Meu terceiro olho me permite contato com uma série de coisas que, cientificamente, simplesmente não existem! Então, eu nunca sei onde estou: mais pra lá ou mais pra cá? Talvez por isso eu seja tão inquieta. Andarilha, foragida, mutante.
Eu enxergo a vida em terceira dimensão!
Esse é o meu segredo…que agora é nosso!

E você? Seria capaz de me contar o seu?

Maíra Viana (descrevendo a inquietude dela e a minha, aqui)

quarta-feira, 2 de novembro de 2011

do amor

"Quando a gente ama, não há fim, não há mapa, não há tristeza sozinha, não há taxímetro estipulando preço. As paredes dão licença. As estátuas conspiram datas. As datas mudam de lugar. É uma corrida solta, dispersa, distraída como uma alegria nova".


Carpinejar, daqui