segunda-feira, 7 de novembro de 2011

espelho

Você é capaz de guardar um segredo?

Estou falando de algo que é só meu, que ninguém faz idéia, que o mundo desconhece, que eu trago do berço, do antes, do primeiro piscar de olhos. Não é um lugar, nem uma sentença. Também não é uma crença, tampouco uma lenda! Não é com alguém, é comigo. É inato, fortuito, inviolável. Está oculto, encoberto, imperceptível. Não, eu não estou doente…nem louca! O meu segredo é sobre mim. Quantas coisas sobre você só você sabe?

Existe algo em mim que é sem-par, que me torna dessemelhante, que me desarvora. Minha verdade clandestina é o que me faz ser caminhante, que me dá condições para supor os porquês da minha existência, que me propicia frentear a vida. O meu mistério me pertence. E você, tem um mistério que é só seu, que te dá vantagens, que te auxilia?
Se você me der a sua palavra, eu lhe concedo um voto de confiança!
E então, posso lhe contar?

Repare em mim! Ora, vamos, com mais tento, com mais ternura, com mais tato! Está vendo? Experimente de novo! Sem urgência, sem ânsia, sem alvoroço. Para saber de mim, você vai ter que desperdiçar o seu tempo! Você teria disposição suficiente para sair de si e vir até aqui me conhecer com propriedade?
Chegue mais perto, pode se aproximar! Não é fabuloso?

Eu escolhi você, dentre todas as pessoas do mundo, para confidenciar o meu segredo. Esse que é parte de mim, que me deforma e me diferencia: o meu terceiro olho! Esse globo camuflado bem no meio da testa, essa coisa benta e monstruosa, maldita e dadivosa! Um sexto sentido que não se adequa, que não se encaixa.

Estou sempre na divisa entre dois mundos: o visível e o invisível! Meu terceiro olho me permite contato com uma série de coisas que, cientificamente, simplesmente não existem! Então, eu nunca sei onde estou: mais pra lá ou mais pra cá? Talvez por isso eu seja tão inquieta. Andarilha, foragida, mutante.
Eu enxergo a vida em terceira dimensão!
Esse é o meu segredo…que agora é nosso!

E você? Seria capaz de me contar o seu?

Maíra Viana (descrevendo a inquietude dela e a minha, aqui)

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