segunda-feira, 1 de março de 2010

agora não se fala mais
toda palavra guarda uma cilada
e qualquer gesto é o fim
do seu início:

agora não se fala nada
e tudo é transparente em cada forma
qualquer palavra é um gesto
e em sua orla
os pássaros de sempre cantam
nos hospícios.

você não tem que me dizer
o número de mundo deste mundo
não tem que me mostrar
a outra face
face ao fim de tudo:

só tem que me dizer
o nome da república do fundo
o sim do fim
do fim de tudo
e o tem do tempo vindo:

não tem que me mostrar
a outra mesma face ao outro mundo
(não se fala. não é permitido:
mudar de idéia. é proibido.
não se permite nunca mais olhares
tensões de cismas crises e outros tempos.
está vetado qualquer movimento

Torquato Neto -daqui

Um comentário:

Thiago disse...

pra ser bem sincero não sei se entendi bem. mas eu acho que é um apelo ao silêncio ou tudo aquilo que ele representa em atos. ou algo do tipo: por não poder me esquivar, pelo menos não me bata no rosto.
eu gostei do poema que vc gostou tbm.
Um bjo!