segunda-feira, 12 de setembro de 2011

Crônica de setembro em Brasília
Eram 13 h 40 e eu esperava embaixo de uma barraca de lanchonete de rua, a imobiliária abrir na volta do horário do almoço. O céu cinza e empoeirado, no auge desse período seco, tornava difícil respirar, devia fazer uns 32 graus, não sei, na periferia não se veem aqueles postes eletrônicos que indicam temperatura, hora e data, só na capital, assim como outros serviços.
Pois bem, o calor estava mesmo insuportável e eu olhava os carros passando e poluindo o ar; o sol quase derretendo os prédios e asfalto; tive a impressão de que eu não sou tão urbana quanto penso e desejei viver um dia numa casinha no meio do mato, rodeada de árvores, perto de um laguinho, pensei no lugar que nasci. Lagoinha. Hum a minha rede na varanda e as palmeiras no horizonte, verdinhas, aquele vento...
Já estava quase sonhando, um casal atravessa a faixa de pedestres de mãos dadas, sol a pino, ainda; e era como se estivessem atravessando um caminho de relva em plenas oito horas da manhã. Tão frescos, reluziam a uma felicidade apaixonada sabe? Aquela de quando só se enxerga a si e aquele a quem se ama; tudo vibra, tudo emana alegria, tudo parece bonito. Nem parecia que existiam carros, motoristas grosseiros olhando a bunda da garota enquanto passavam, nem poluição, nem impaciência.
Parecia que só havia os dois e aquilo que sentiam e era bom o suficiente e para sempre. Voltaram, com o refrigerante que haviam ido comprar no mercadinho, igualmente inspiradores e amáveis. E eu voltei à minha pequena significância, se eles na sua simplicidade tornam o mundo indefectível e terno, em meio ao caos do cotidiano; quem sou eu para apontar algum defeito nessa vida?? Suspirei. Relógio desacelerado momentaneamente; retornei ao ritmo indiferente das coisas e fui pagar meu aluguel.

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