quarta-feira, 12 de novembro de 2008

Diário de inverno

My dear blog
Já estamos no terceiro dias de chuvas de verdade por aqui, finalmente águas de novembro...E daquele jeito: de manhã cedinho aquele sol tão bom que ilumina até a alma da gente, nos faz sentir conectados à natureza e amando todo os seres humanos (bom, há algumas exceções),pelo menos até nos encontrarmos com um que parece que tem a nuvenzinha de chuva sobre a cabeça, mas enfim, que sol...
Então partimos para a labuta e depois de um dia todo de trabalho, justamente nos dez minutinhos antes da hora de ir pra casa, eis que se anuncia e rapidamente o toró cai. E que chuva bonita, continua noite a dentro, pois se parasse quando chegassemos em casa seria até desaforo de São Pedro. Imagina só, fazer toda a viagem debaixo d'agua e quando colocássemos os pezinhos debaixo de nosso teto, nenhuma gota...não, melhor chover.
Mas como eu ia dizendo, saldo positivo até agora (pra mim claro):
Banhos de água suja quando os carros passam pela parada de bus : 0
Vento de chuva de virar o guarda-chuva do avesso: 0
Banho de chuva inesperado por esquecer guarda-chuva em casa: 0
Claro que ainda é cedo pra fazer o balanço, mas também tem o lado bom. Você sabia que no período de chuvas acontecem menos crimes? Segundo uma amiga que ouviu isso de um amigo policial (ou bombeiro não sei) sim; ou é na época do frio? Não lembro, mas acho que pode ser verdade mesmo, todo mundo quer apenas estar sequinho e protegido olhando a chuva, ou então tomando banho nela porque quis. A chuva também é democrática, é justa, molha o pobre e o rico, o triste e o alegre, não há critérios, ela só cai em nossa direção, e vai lavando tudo, vai molhando tudo, não faz acepção.
Pra mim o período chuvoso, o dia chuvoso sempre me faz lembrar Deus, a grandiosidade do universo, a força da natureza, a benção que é a chuva. Pois como a maioria dos nordestinos ouço desde cedo o pai, a mãe, os adultos expressarem que a colheita vai ser boa porque a chuva foi boa. De meus pais ouvia: Esse ano vai dá muito legume (arroz, feijão, milho etc) pois as chuvas foram boas. Ou então o contrário quando a chuva era escassa. Assim é ela que determina se o ano vai ser farto ou não, próspero ou não. Temos respeito e admiração pelo ciclo da água, que é também um ciclo de vida para muitos.
Sem contar os sentimentos que despertava em nós os temporais noturnos, os raios, os trovões, a ventania que vem com ela ou; os banhos mais felizes de nossas vidas, mais desejados, mais aguardados, ou simplesmente a contemplação de cada goteira que caia do telhado e que tentávamos em vão guardar num único copinho que segurávamos a janela, quando o banho era proibido por uma gripe ou simplemente uma decisão materna, sempre incontestável, ou melhor sempre obedecida.
Então que seja bem vinda e como eu fazia quando criança e estava com vontade que aquele chuvisco fininho se tornasse uma chuvarada que valesse pedir a mãe pra cair na chuva, brado:
_Abaixa a mão São Pedro!!! (E funciona hein?)

Um comentário:

Thiago disse...

assim como o sol, a chuva é para todos!
adorei a chuva democrática exposta aqui!
e achei esse texto bárbaro!
bjos!!