segunda-feira, 22 de dezembro de 2008

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Nessa última semana dois fatos me deixaram bastante triste e pensativa, um acidente de transito fatal, envolvendo uma colega de trabalho e o esposo que em conseqüência deixou dois adolescentes órfãos , e a perda de um parente próximo, vítima de um crime. Sentimos mais, quando mais próximo de nós acontecem esses dramas, um egoísmo em parte necessário para acordar todos os dias e ter ânimo pra continuar apesar dos pesares.

Já passei por esse tipo de perda, duas vezes quando bem criança, a primeira vez quando meu avô materno se foi, devia ter uns sete anos, não sei. Depois pelo meu avô paterno, já talvez com meus doze anos de idade. Não tenho recordações desses dias e nem o que eu senti, acho que não compreendia (nem hoje ainda) a dimensão e os mistérios da morte e da vida. Já mais recentemente minha avó materna, com a qual eu havia morado um tempo e tinha uma ligação mais forte, senti muita falta e tristeza, mesmo tendo consciência da sua velhice e da sua doença, ainda trago uma dorzinha n’alma que não sei o que é toda vez que lembro dela.

Há alguns meses, foi a hora de dizer adeus a uma tia querida, que aprendi a admirar e amar como mãe, já que era quem fazia esse papel de cuidadosa e compreensiva aqui. Não tem como não lamentar os abraços não dados, as palavras de afeto não ditas, as ações de carinho não praticadas. Não há como não umedecer os olhos e amolecer o coração ao recordar. E agora de novo, como nunca deixa de acontecer todos os dias, (tem sempre alguém sendo surpreendido pela temporalidade e finitude da vida) a vida mostra a morte sem explicação; quem sabe porque já sabemos, já temos essa certeza. E mesmo assim toda vez é como se estivéssemos alheios ao destino sabido de todos nós; talvez o medo, o mistério, o desconhecimento, a falta de fé nos faça encarar esses momentos com total despreparo. Talvez também, seja melhor assim, viver como se a vida nunca fosse ter fim, e receber essa surpresas certas como uma lição, onde aprendemos que devemos valorizar pessoas e não coisas, onde aprendemos que podemos mudar e melhorar enquanto estamos aqui.

É uma confusão de sentimentos, de pensamentos; penso em mim, nos meus, nos outros, no mundo, na vida, na morte... em Deus. E nesse turbilhão de emoções, resta buscar esperança, cada um onde está depositado sua crença, sua força, sua verdade, o sentido de viver; eu busco.

4 comentários:

Zingador disse...

A pouco mais de três anos passei por uma "perda"... minha mãe que partiu e o sentimento de perda realmente não é bom.
Mas onde me agarro é justamente no fato de amar pessoas e não coisas, como você bem disse.
abraço

Fernanda disse...

Acredito que a vida é feita desses sentimentos,mas o que nos faz seguir em frente é que na vida não levamos nada,mas que existem pessoas especiais nas quais devemos nos agarrar e que nos dão força para seguir em frente=)

Anônimo disse...

nossa,ana parabens pelo texto,expressa um sentiemnto de perda mas sem expressar tristeza.

Thiago disse...

é eu li uma vez que é preciso ter serenidade para aceitarmos aquilo que não pode ser mudado. e isso me lembra muita a morte, a sorte. não sei se é justo ter a vida finita, mas eu vou viver para sempre até o dia em que eu morrer =]