sábado, 8 de maio de 2010

dia-rio

Levei a tarde para dormir, com a desculpa de um cochilo após o almoço e quatro horas depois volto a prestar contas ao dia; que cansou de me esperar e já deixou o comecinho de noite das seis horas pra uma conversa. Ouço o tempo dizer o mesmo de muitos adultos na minha infância: “Quem muito dorme, pouco vive.” Finjo que não escuto, pela velha superstição de que as palavras ganham força, quando bem assimiladas, escutadas e quando repetidas com estes intuítos. E saio a fazer as pequenas tarefas que preenchem o espaço entre o despertar e o deitar, tudo muito mecanicamente, sonolenta. Faço um café, ligo o pc, faço um pouco do trabalho que trouxe pra casa, envio emails. Desisto de olhar se as novas disciplinas do curso já iniciaram. Leio um desses blogs lindos que deixam a gente num estado de encantamento agudo.
O sono da sesta deve ter sido mesmo exagero, pois sinto a vida ainda devagar como no poema de Drummond. Os sentidos não captam toda a velocidade do mundo fora das paredes. Toda preocupação e caos do cotidiano, momentaneamente se desbotam e penso em tudo e em todos com delicada sensação de sonho, como se tudo não passasse de uma história de ouvir e não do real (penso que tem um pouco de felicidade não razoável em mim nesse momento).
Fecho os olhos um pouco pra despertar devagar pro habitual. E aos poucos lembro da repetição que me espera amanhã, e também do inesperado, graças a Deus; embora a blusa colorida de três babados, pendurada no pegador da porta do guarda- roupa me lembre também do quanto as horas passam uniformes e semi prontas. E espero o sono do restinho de hoje.

2 comentários:

Anônimo disse...

diga-me se nao é mesmo uma delicia durmir depois do almoço!
Eu adoro, mas tenho medo de viver pouco, entao deixo só para os dias que estou muito cansada mesmo!

Bom final de semana

Thiago disse...

isso me lembra isto:
"E Miguilim mesmo se achava diferente de todos. Ao vago, dava a mesma idéia de uma vez, em que, muito pequeno, tinha dormido de dia, fora de seu costume - quando acordou, sentiu o existir do mundo em hora estranha, e perguntou assustado: - 'Uai, Mãe, hoje já é amanhã?!'"