terça-feira, 2 de fevereiro de 2010

Colo

Distrito Federal. Taguatinga. Centro. Duas da tarde. Sol a pino e calor de rachar. A hora da fadiga. Faço parte do pequeno grupo que espera o sinal fechar, para poder atravessar a rua com segurança. Atrás de mim uma jovem mãe segura o braço de um garotinho junto com outra senhora. Imagino que aquela era a vontade de todos nós ali, mas ouço apenas o garotinho, do alto de seu desejo e inocência, pedir colo à mãe; ao que ela responde muito brava que caso ele insista lhe dará umas boas chineladas; a senhora que provavelmente era a avó, comovida com o pedido do menino, resolveu consolá-lo: “você é homem e homem anda, anda é com as próprias pernas” dizia com voz terna; mas também não o colocou nos braços. Eu olhei pra trás pra ver a cena, olhei o rosto do garotinho, uma carinha de cansaço e agora resignação. Me enchi de ternura. Pensei cá com meus botões: Que vida a nossa, aos três anos de idade já não nos é permitido esmorecer. O sinal abriu e todos nós continuamos a andar.

Um comentário:

defélix, disse...

putz! Que texto mais bem escrito! Muito muito muito bom! Escreva assim mais vezes que te compro um livro ;D. Mostra a simplicidade e uma filosófia de vida comum a todos mais nunca observado. Adorei muito. Meus parabéns novamente!