domingo, 29 de março de 2009

Amor de pai

Ontem foi aniversário do meu pai, sessenta e dois anos. Eu esqueci como sempre, mas minha irmã sempre tem o cuidado de me ligar e lembrar para eu também poder desejar a ele tudo de bom. Falar do meu pai e da admiração e amor que sinto, é difícil, pois foi um amor construído com silêncios, e poucos gestos de carinho. Porque assim como foi educado ele aprendeu a educar os filhos, exigindo sempre muito respeito e cerimônia. E depois que nós tínhamos uma certa idade, mantinha uma certa distância aconselhável, como mandava as tradições da época. Dos poucos momentos de carinho que ele nos dedicou, lembro-me das vezes que chegava da lida (meu pai trabalhava na roça) e depois do seu banho tomado, sentava-se na cadeira de encosto e estendia as pernas sobre um banquinho; era nessa hora que disputávamos o colo dele, e quem conseguia ficava estirado sobre as pernas de papai um bom tempo, não precisava mais que isso. Esse era um dos momentos mais felizes, não só de minha infãncia, mas acredito que de meus quatro irmãos.
Mesmo com esse jeito de se relacionar conosco nunca tive dúvidas quanto ao amor de meu pai por mim e por meus irmãos, ao contrário, sempre tive certeza. Mas mesmo assim certa vez ouvi meu pai fazer elogios sobre mim a um amigo, dizia que era inteligente e contava histórias minhas da escola. Eu fiquei tão surpresa quanto feliz, ver meu pai ali, todo orgulhoso de mim foi mais do que a confirmação do que ele sentia, do seu amor.
Ultimamente alguns acontecimentos nos levaram a demonstrar mais nossos sentimentos, acho que é natural quando percebemos que o tempo vai passando e a gente não fez algumas coisas, não disse; o medo de que seja tarde demais nos invade.
Talvez restem coisas a serem ditas, mesmo assim, não diminuem esse amor que sinto e que tenho certeza, é correspondido.

Um comentário:

Jack disse...

Ana, sempre haverá algo a ser dito. O importante é que quando começar a subir pela garganta, não fique preso. Isso sim, seria o fim. Beijooooooooo