sábado, 31 de julho de 2010

o que era isso, que a desordem da vida podia sempre mais do que a gente? o real roda e põe diante. homem, sei? a vida é muito discordada. tem partes, tem artes. a gente quer passar um rio a nado, e passa; mas vai dar na outra banda é num ponto muito mais em baixo, bem diverso do em que primeiro se pensou. verdade maior. é o que a vida me ensinou. requeria era sarar, não desejava céu nenhum. as pessoas não estão sempre iguais, ainda não foram terminadas – no que elas vão sempre mudando. afinam ou desafinam. eu quase que nada não sei, mas desconfio de muita coisa. atravesso as coisas – e no meio da travessia não vejo! – só estava era entretido na idéia dos lugares de saída e de chegada. sertão é onde os pastos carecem de fechos. quero o outro perto, eu distante de mim. hoje em dia eu nem sei o que sei, e, o que soubesse, deixei de saber o que sabia. a gente só sabe bem aquilo que não entende. meu coração é que entende, ajuda minha idéia a requerer e traçar.


João Guimarães Rosa aqui

Um comentário:

Kholdan disse...

Belo texto esse postado... Gostei bastante.

E sim...estive sumido por estar cuidando de algumas coisas, mas abandonar...jamais!

=]