segunda-feira, 17 de maio de 2010

abaixo a ditadura do relógio!

O dia não cabe as nossas tarefas, trazemos na bolsa textos pra ler, anotações a cumprir, preocupações cotidianas, datas e prazos pra entrega dos trabalhos do curso, as contas não ficam de fora, os afazeres domésticos; e o tempo escorre no nosso cansaço, nos cochilos em que estamos ausentes ocupados com nossos hábitos indispensáveis. Loucura se parássemos, sentássemos numa praça qualquer a olhar o corre-corre das pessoas, inconcebível esquecermos nossos compromissos e responsabilidades para vagarmos por aí, divagando e olhando um passarinho solitário que voa atordoado longe de sua árvore.
Não cabe a poesia nas nossas horas, não cabe um pouco de ócio, não cabe abandonarmos as normas, o roteiro. E tem horas que a gente pensa que é apenas personagem autômato de um game eletrônico, programado para dar as mesmas respostas limitadas, os mesmos saltos, os mesmos gestos e as coisas se repetem indefinidamente, entre um intervalo e outro enquanto o programa esteve desligado. Quando é que vai sobrar um pouco de liberdade para o não compromisso, para lagartear, para viver lentamente e sem ansiedade esse curto espaço de tempo em que estamos nos transformando em outro ser e sem precisarmos ter consciência desse milagre? Quando poderemos viver o tempo que não está no relógio, dividido, medido, programado?
Não fosse a minha hora de ir dormir eu ainda faria mil reivindicações contra essa vida regrada, mas amanhã acordo cedo, tenho que estar no trabalho antes das oito. Isso é o que eu chamo de tragicômico? Ou está mais pra TPM*?
*Tempo Pós - Moderno

2 comentários:

Evaldo disse...

Com doçura e candura quero dizer-te que desse mal de não poder dormir também já sofri, mas sempre que pude, não perdi os momentos também, de chorar ou de sorrir, sem me importar com os que assim fazem escondidos em seus escritórios para que os outros não possam saber. O show continua, no palco da vida, e muitas peças nos são pregadas até que possamos descobri-las, e uma delas é mentir que existe hora de dormir. Ainda somos escravos das convenções sociais. A diferença do passado, é que somos remunerados, porém, a maioria, é mal remunerada... Sem perceber somos controlados pelos “mágicos de OZ” da vida, assim, ficamos ansiosos quando não podemos cumprir as cartilhas ditadas. Se desconfiarmos, entretanto, saberemos que podemos mudar um pouco a nossa trilha. E o seu protesto já é uma tentativa

Thiago disse...

Dormir é um luxo.
Tenho bastantes tarefas, tudo sem fim.
Coitado de mim.
Hahahaha.
Mas acho que pelo menos temos a liberdade da escrita.
Tenho certeza que lhe faz muito bem.
Um bjo!