sábado, 2 de janeiro de 2010

eu posso com isso?

isso de mim que anseia despedida
(para perpetuar o que está sendo)
não tem nome de amor. nem é celeste
ou terreno. isso de mim é marulhoso
e tenro. dançarino também. isso de mim
é novo: como quem come o que nada contém.
a impossível oquidão de um ovo.
como se um tigre
reversivo,
veemente de seu avesso
cantasse mansamente.

não tem nome de amor. nem se parece a mim.
como pode ser isso? ser tenro, marulhoso
dançarino e novo, ter nome de ninguém
e preferir ausência e desconforto
pra guardar no eterno o coração do outro.

Hilda Hilst viaqui

2 comentários:

Ana Aitak disse...

nem queria postar nada por esses dias, mas ao ler este poema, eu fico fora de mim, eu vou...eu voo

defélix, disse...

um poema assim não pode ficar na memória, na lembrança ... sei lá onde mais ... Tem realmente que ser postado pra alegria dos seus seguidores. *-*