quinta-feira, 5 de novembro de 2009

identificação

Tenho vergonha de estender o braço
para chamar o táxi
tenho medo que ele me veja
tenho medo que ele me veja
e ainda assim
não pare.

Ana Cristina César
daqui

Eu me encontro na poesia da vida, sinto essa mesma vergonha ao estender o braço para o ônibus, mas nunca pensei que isso daria um poema, e quando encontro umas palavras tão lindas dessas sobre um sentimento tão pouco nobre (eu pensava) vejo porque nem todo mundo tem o dom de se expressar como poeta. É preciso muita sensibilidade e sobretudo coragem pra dizer sobre o indízivel, pra enxergar o invisível e pra olhar o trivial dos nossos dias e da nossa alma compaixão.

4 comentários:

Kholdan disse...

Ainda bem que vc tem esse dom =]
Seus textos são ótimos e sempre que passo por aqui, saio mais feliz...

bjs

Joao C. disse...

Isso acontece mesmo e é curioso como as pessoas ficam sem graça quando o taxi ou ônibus não pará, elas tentam se explicar sem que ninguém peça qualquer explicação. Falam com quem estiver mais próximo, qualquer desconhecido se torna um grande amigo do peito, aquele com quem se pode desabafar. Boa percepção!!

Thiago disse...

É isso mesmo.
Os verdadeiros motivos do medo.
Medo do que não possa acontecer.
Eu gostei muito de tudo!
Porque me identifiquei.
Um beijo!!!

Juli disse...

Eu penso que este poema nos remete ao que pode existir dentro de nós...aquilo que não é perceptível a olho nu, nossas mazelas, nosso eu mais egoísta, enfim, aquilo que nos torna seres humanos imperfeitos...feios no sentido literal da palavra. Por isso o medo, a vergonha, o receio de porventura sermos reconhecidos, vistos como somos de verdade. Bom, essa foi a impressão que tive deste poema.