terça-feira, 24 de novembro de 2009

cenas do capítulo anterior


“A ingratidão é a pior coisa, Edu” (ou algo assim) dizia a personagem da Marieta Severo ao sobrinho, que era o Gianecchini numa das novelas do Manoel Carlos, e me doía aqui dentro, eu achava aquela fala tão verdadeira, tão intensa, era tanto sentimento ali, por isso ficou na memória afetiva, é uma frase que não esqueço como tantas outras coisas sem importância, mas que ficam na mente da gente, porque já é algo que estava guardado ali de outra forma. Não espero que as pessoas me beijem os pés por gratidão, ou tentem retribuir como pagamento de qualquer forma. O bonito é a gratidão verdadeira, que vêm do fundo da consciência do outro e que existe porque é autêntica e espontânea, embora tenha um fundamento. Talvez eu esteja analisando as coisas de um ponto de vista egoísta, mas ainda assim, eu espero um pouco mais de sensibilidade e compreensão. Ou talvez seja eu quem precise compreender e tenho me esforçado, eu tenho guardado até agora essa decepção só pra mim. Mas isso também não é bom, o melhor é que tudo se dissolva no ar, e eu não espere nada mais do que me trazem, e eu possa oferecer o meu entendimento e resignação; sem ressentimentos.

Um comentário:

Thiago disse...

Acho que falta consciência por parte das outras pessoas. Mas também nos falta. Às vezes nos dedicamos a alguém e não somos retribuídos da forma como gostaríamos. Não por maldade, mas por desatenção.
Outras vezes é falta de sensibilidade, é indisposição, é ingratidão pura mesmo.
Eu baseio muito a minha paz nas ações que recebo, por isso sou afetado quase sempre. Também acho que preciso mudar mais o foco para aquilo que eu sinto e acho certo.
Acho que existe uma linha entre egoísmo e amor próprio que é difícil de distinguir.
Parece que a única diferença entre eles é que para se ter amor próprio é preciso ser atacado por pedras antes e só depois reconhecer que não vale a pena, que tem que desistir dos outros e cuidar de você.
O egoísmo é a mesma coisa, só que sem uma causa nobre. É pensar em você antes de ser apedrejado ( e sem se importar muito com o fato de que ao desviar de uma das pedras, ela irá acertar outras pessoas).
Mas uma coisa é certa: nada me livra da obrigação de ser bom. Quando sou mau de propósito, sou extremamente torturado, quando, por exemplo, deixo de ser grato e penso que não fizeram para mim mais do que a obrigação.
E eu pergunto: que obrigação alguém deve ter comigo?
Eu quero ser grato sim, sempre. Mas quero ser grato de coração e não apenas pela libertação do sentimento de dívida.
O que precisamos mesmo Ana é do impossível: tornar real uma fronteira imaginária e, além do mais, torná-la grosseira, enorme, exagerada, para não nos perdermos entre os conceitos da vida, que são tão próximos.
Um beijo e, como você pode ver, eu adorei o texto!