sexta-feira, 13 de novembro de 2009

SEXTA FEIRA TREZE

Não é azar, é sorte. Deve ser como uma frase que li outro dia, atribuída a Clarice Lispector. É, deve ser isso, a gente é poupado das coisas que queremos muito, ainda bem. Porque eu olhava, olhava e abria bem os ouvidos pra enxergar essas coisas, e eu não via, nem ouvia o barulho que faziam. Enxergava apenas eu mesma, me dizendo coisas bonitas, arrumada e cheirosa, porque me perfumei com aquele perfume com nome de pomar. Eu saí e levei na bolsa nova, um tanto de imaginação e por que não dizer doces desvarios. Nunca aprendo que essas guloseimas na bolsa, derretem e sujam tudo, difícil limpar. E no fim, nem guloseimas, nem alegria, nem sentimentos bons. Mas não é porque as coisas não são como espero que desanimo; passado o aborrecimento, água e sabão na sujeira, tudo volta a ser como era, ou volta a ser como eu costumo vê-las, encantadoras e apaixonantes até os sentidos se abrirem momentaneamente de novo e a realidade se mostrar nítida e palpável como um aroma.

2 comentários:

Kholdan disse...

Gostei do texto...Muito bonito.

Thiago disse...

eu gostei da sinestesia. porque é verdade. a gente só acredita naquilo que transfigura. no aroma que a gente vê, no som que me faz brilahr os olhos, no gosto das coisas, em tudo.
e eu gostei do texto todo, porque quando eu li, eu senti um desprender essencial.
um bjo!