segunda-feira, 11 de maio de 2009

daquilo que contagia

Foi assim, início da manhã, hora mais apropriada pra continuar dormindo numa cama quentinha, e eu já no busão rumo ao trabalho, luto com toda minha indisposição e vou perguntar à única passageira além de mim se podia pedir ao motorista que desviasse o roteiro do bus um tiquinho pra me deixar mais próximo de meu destino, visto que já estávamos no fim da linha mesmo. Já preparada pra ouvir um não ríspido ou um muxoxo de sim, com visível má vontade de responder tanto quanto eu de perguntar.

Mas supreendetemente a moça me lança um sorriso, explica que não dá pois vai descer no fim da rua, me conta que tá vindo de uma cidade próxima, e que já morou ali, mas teve que vender a casa pois separou-se do marido, o que não foi boa coisa (vender a casa) já que o traste não sai do novo endereço, bêbado. Falei a ela que podia voltar, ela explicou de novo sobre a venda da casa, sem volta. E que estava indo a uma consulta no posto médico onde já tinha prontuário, não gostou da “saúde” na sua nova cidade.

Eu nem sabia o que responder diante da inesperada simpatia matinal confrontada com meu mau humor matutino; se há algo que me toca é amabilidade de uma pessoa que não me conhece e mesmo assim é amável e gentil; a empatia daquela moça desconhecida me desarmou, fui obrigada a largar o desânimo e a apatia de logo cedo, até fiquei sem jeito de me surpreender tão ranzinza, eu tão alegre, tão risonha. Pega em flagrante, antipática e desanimada diante de tanta vida, tanta aventura, tanta ânimo. Que vergonha! O ônibus seguiu, ela desceu, nos despedimos e eu levei comigo um pouco da alegria que ela me deixou sem eu pedir.

Um comentário:

Kholdan disse...

Nada melhor que a simpatia de uma pessoa em contraste ao que passamos no momento...
Vivi situação parecida a caminho do trabalho uma vez, com uma mulher de Olinda que estava passeando no ES.
Foi animador e lembro os detalhes até hoje.