segunda-feira, 8 de março de 2010

aromas

Um conto ou não sei o quê, escrito há um ou dois anos atrás, lembrei dele hoje porque recebi uma rosa também . Nem lembro se já publiquei aqui, lembro que num outro site sim, chamava gaveta do autor. Sem revisão, considerem isso... rs
A ROSA
Seria um dia qualquer para ela, não fosse o que aconteceu àquela hora de sempre do almoço. Bem como todos os outros dias da semana, se arrumava cedo e corria até a parada de ônibus, conseguia pegar no horário em cima da hora de sempre, e alguns minutos de pensamentos matinais depois, estava no trabalho. Não considerava um trabalho excelente, porém havia muitas pessoas sem nenhum, e que dariam um braço ou talvez os dois para ter igual, agradecia a Deus pela oportunidade sempre que lembrava disso.
Tudo parecia ser de mais um dia comum, até que voltando do restaurante próximo onde almoçava todos os dias, foi surpreendida por um rapazola que lhe surgiu do nada com uma rosa em riste e lhe ofereceu. Que susto, teria sido maior surpresa se não tivesse dito ao entregar “Feliz dia da Mulher cortesia Magazine Laura”. Teve um momento de leseira e não lhe ocorreu na hora um jeito de agradecer o gesto, por fim sorriu, disse “obrigada” e saiu com a rosa na mão. Foi quando de repente lembrou que era a primeira rosa que ganhava na vida. E sentiu uma mistura de sentimentos que se alternaram durante todo o dia: alegria, tristeza, melancolia ...nem sabia direito o que era.
Depois de providenciar um copo com água para a flor que já demonstrava está perdendo o viço, olhou aquele vasinho improvisado sobre a mesa e pensou no que podiam imaginar as pessoas ao verem que tinha uma rosa sobre a mesa. E também as pessoas que a viram no caminho de volta pra casa no fim do dia :“ Deve gostar mesmo do cara, não joga a rosa murcha fora, que boba” ou “Hum a moça está toda feliz com o presente do namorado” decerto julgavam; logo depois pensava que sabiam a verdade e sentia-se constrangida.
A água não reverteu o estado da flor que já estava ainda mais murcha nesse momento e não conseguiu jogar no lixo, pois sentia que seria não valorizar até o fim aquele gesto, que para si tinha agora grande importância, levaria até em casa, mesmo que lá, se desfizesse dela. E enquanto o ônibus seguia se perguntava por que ficou tão sensibilizada com o acontecimento, nunca se importou com essas coisas que a maioria das mulheres sonha, mas de repente aquele fato a fez sentir que faltou algo; que não ter recebido rosas antes, era um absurdo, gostava agora de acreditar que imaginavam que sim, que era uma prenda de amor, e não se importou de ter furado seu dedo num espinho.

2 comentários:

Thiago disse...

Ana,
eu ri muito da parte do magazine.
Gostei de tudo mesmo, um dos seus melhores textos.
Amei demais!

Thiago disse...
Este comentário foi removido pelo autor.