Blogagem Coletiva: "Tempos de Criança"
Infância
Difícil olhar pra ontem e não me emocionar; sim porque foi ontem quando eu era a menina magrela de cabelos compridos que sempre ouvia dizerem pra mãe: “corta esse cabelo que tá sugando ela, por isso é tão magrinha.” Eu só arregalava os olhos e pensava sobre o mistério dos cabelos longos. Era sempre assim, eu queria entender tudo, eu absorvia o mundo e por não dar conta de carregar, tinha medo, e tentava agir como gente grande, pois parecia mais seguro. Eu era sempre aquela que alertava que não arriscava, me responsabilizava por tudo e por todos. A menina sensata e quietinha, mas na minha cabeça a vida era aventura, e sempre senti o perigo dessa peripécia que é viver.
Difícil olhar pra ontem e não me emocionar; sim porque foi ontem quando eu era a menina magrela de cabelos compridos que sempre ouvia dizerem pra mãe: “corta esse cabelo que tá sugando ela, por isso é tão magrinha.” Eu só arregalava os olhos e pensava sobre o mistério dos cabelos longos. Era sempre assim, eu queria entender tudo, eu absorvia o mundo e por não dar conta de carregar, tinha medo, e tentava agir como gente grande, pois parecia mais seguro. Eu era sempre aquela que alertava que não arriscava, me responsabilizava por tudo e por todos. A menina sensata e quietinha, mas na minha cabeça a vida era aventura, e sempre senti o perigo dessa peripécia que é viver.
Minha imaginação me salvava de crescer antes da hora. Inventava histórias para as brincadeiras, onde goiabeiras, cajueiros eram casa, avião e cidades; os animais pacatos no pasto perto de casa sofriam mutações e muitas vezes eram os monstros que motivavam a correria em pânico, e os dias da minha infância corriam mais divertidos. Não precisava de nada que eu mesma não pudesse criar. Talvez daí venha a resignação de agora. Esse não esperar muito dos outros e do mundo. Porém isso não significa limitação e comodismo, eu só acho que tudo continua grandioso demais, encantador demais pra eu dar conta, e continuo tentando crescer, para estar segura, eu continuo tentando entender o mistério de ser criança, de ser gente.