sábado, 23 de julho de 2011

roteiro

"Um lugar pro coração pousar
Um endereço que freqüente sem morar..."
Marisa

Eu fui lá e voltei, lá é dessas viagens de ida e volta, que repetimos, que não tem tamanho, porque são medidas por afeto às pessoas, aos lugares, às histórias que lá vivemos; são imensuráveis, são inesquecíveis, porque são a matéria da qual fomos sendo feitos, com toda a dor e delícia dessa sorte de cada um. E de lá, não se volta vazio, volta-se cheio de saudade, de sensações, de idéias, de reflexões.

Também vim assim, afim de lapidar cada sentimento na ponta dos dedos e deixar nesse espaço muito daquilo que me emociona, impulsiona pela verdade, pela importância; a minha. Por isso nem sempre poderá ser compreensível ou bonito, mas valerá pela tentativa, já muito válida, de repensar e dispensar tudo aquilo que não agrega algo bom.

Certa vez, li que escrever era como catar feijão, ou algo assim, não lembro quem disse; que vamos escolhendo os grãos bons daqueles que não servem. E é assim, escolhendo também pelo olhar, pela intensidade daquilo que sensibiliza, que comove, cada motivo, cada palavra que compõe os trechos, os textos, essas trilhas que vou deixando e por onde me encontro depois, percebendo que caminhos tomei e quais deveria ter escolhido. Mesmo assim não deixando espaço pro arrependimento, porque não sei, não sabemos; a direção e os rumos dependem também do acaso, do destino, de toda coisa que implique o nosso limite em não decidir, em ir apenas, corajosamente em busca do sonho, do desejo, daquilo que nos mova, nos leve adiante. Eu já dei o primeiro passo... E salve Leminski:

pelos caminhos que ando
um dia vai ser
só não sei quando

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