terça-feira, 15 de junho de 2010

Previsível

“insensível, insensível você diz..." *

Pois como disse o poeta: "Mas a vida era a vida, e tudo mudou". Não posso ser cem por cento previsibilidade, com tanta admiração e surpresa com que olho o mundo a minha volta; a certeza enfadonha deve está na vista de quem olha; e quem me olha sem encanto, sem espanto não vai ver nada que já não conheça, e mesmo assim seria contradição, pois todo dia nós já somos outros, talvez mais velhos, outros.
Acredito mesmo que tudo esteja de acordo com a percepção que temos das pessoas e de tudo a nossa volta. Pra mim tudo é estranho, desconhecido até acontecer, até existir, até ser sentido. Tudo que acontece traz algo nunca visto, nunca sentido. Aquilo que passa pelos meus sentidos se transforma por todas as impressões, idéias e experiências que sou eu. Do cumprimento amigável de um desconhecido na rua a um gesto rude de um amigo, tudo é intensamente surpreendente pra mim e eu tento agir como se tudo fosse normal e razoável. Porque as menores coisas para mim são imensidões, as insignificâncias são imprescindíveis e tudo tem um valor imensurável, afetivo.
Tudo me afeta, me constrange e me comove de uma maneira sobrecomum e por isso não entendo como alguém pode ver o mundo e as pessoas como se fossem triviais e simples. Eu sigo tentando descobrir cada pessoa ao mesmo tempo em que sei desse mistério infinito que cada um carrega por dentro. E por tentar compreender eu simplifico, subestimo; pra em seguida ficar abismada novamente com o que cintila escondido em cada um e só vez em quando escapa.
Então não posso reduzir tudo ao que é previsível e ao que não é, sou mais que isso, sou tudo isso.
Texto escrito em setembro de 2009. Acho que não havia publicado, se já alguém me avise.
* verso de Insensível - Titãs

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