quarta-feira, 31 de agosto de 2011

identidade

Razões irracionais

Escrevo poesia, simplesmente, porque não caibo em mim. Porque, embora saiba ser o ser humano inatingível em sua essência, uma teimosia atípica não me permite desistir de esticar os braços e rogar às pontas dos dedos que roçem essa essência. Escrevo porque sinto o universo em carne viva. Nuances cambiantes invadem-me por todos os poros d’alma. Múltiplas sensações quadruplicadas de prazer e dor arrebatam-me. Minha sensibilidade ultrapassa os limites do tolerável. E sonho. Degraçadamente sonho.
Escrevo porque sou insaciável. Completamente insaciável. A profusão de possibilidades latentes que pulsam frenéticas em volta me fazem assim. Almejo a perfeição descaradamente, enquanto quase todos a espreitam invejosos e resignam-se previamente pela certeza da impotência. Escrevo porque calo. E assim processo as impressões do exterior sob os afagos da solidão enclausurada. Escrevo porque sou só. Porque sou incompreensível e não compreendo. Como todos o são e o fazem. Escrevo porque amo. E meu amor é grande e maior. Sempre maior.

Escrevo. E isso não basta. Diz-me o que basta e serei paz.
Escrevo.
Porque sou pequena. E não caibo em mim.


Nenhum comentário: