segunda-feira, 26 de abril de 2010

(Tudo me parece um sonho. Mas não é, disse ele, a realidade é que é inacreditável.) Clarice Lispector
sabe quando a gente ouve uma música e viaja? Foi assim que aconteceu comigo, depois de uma melodia dessas de voar. Por um momento eu não me contive, e parecia que o mundo inteiro era eu, desde o céu meio avermelhado com nuvens escuras no fizinho de tarde quando eu olhei pela janela e tudo parecia mais lento, tão parado quanto aquelas nuvens que se moviam imperceptivelmente; será que eu experimentei o sentimento do mundo? Eu era todos e tudo. Eu era cada pessoa triste e alegre, que ria ou chorava ou pensava e não sabia então, o que era isso de todos os sentimentos possíveis juntos. E pareceu que foi um daqueles momentos em que os olhos se abrem momentaneamente para o fato da existência, e a consciência de ser e estar aqui é maior e melhor que qualquer outra sensação, é sublime apenas ser eu, ver, ouvir, tocar, cheirar, sentir, amar e ter fé, por um milésimo de segundo na humanidade inteira. É passageiro, mas comovente, tanto que o corpo não aguenta essa verdade, esse mistério e os olhos choram, sem saber nem porquê. Acho que por isso é instantãneo e raro, talvez...

2 comentários:

Thiago disse...

esse momento é mágico porque carrega consigo uma honestidade tremenda. de ser só aquilo que se vê. de sentir só aquilo que se toca. sem ter que deduzir ou associar nada. apenas ser o que é sem medo.
um bjo!

Evaldo disse...

Então, Ana, a vida é surpreendente mesmo. A cada fração de segundo estamos sujeitos a impressões diferentes, às vezes chocantes, às vezes deslumbrandes, que nos alegra ou entristece, mas que nos faz somar, e sermos o que somos.
Parabéns pelo seu Blog.
Um abraço,
Evaldo.